"É isso que esperamos. Naturalmente, é sempre uma decisão dos sócios. Acho que eles irão tomar sempre a melhor decisão, mas têm de ter noção de que é um momento muito delicado para o Rio Ave. Não só pela delicada situação financeira, que foi agravada pela descida de divisão [à II Liga, em 2019/20] e gerou consequências durante diversos anos, mas também pela atual proibição de inscrição de atletas", vincou a gestora, de 45 anos.
Alexandrina Cruz falava à comunicação social no Centro Municipal da Juventude de Vila do Conde, após ter apresentado os objetivos globais e a composição dos órgãos sociais da sua candidatura à liderança do 12.º colocado da edição 2022/23 do escalão principal.
"Vai ser uma das primeiras propostas a apresentar aos sócios. Investidores? Estamos a procurar e a trabalhar há algum tempo. A procura por um investidor prende-se muito pela solução financeira, mas também pela evolução que queremos e que o Rio Ave merece", referiu, procurando juntar a essa consolidação uma melhoria dos resultados desportivos.
A vice-presidente para a área financeira trabalha no clube nortenho desde 2004, quando entrou como tesoureira, passando, mais tarde, a assumir relevo na SDUQ, entidade que administra o futebol profissional vila-condense e que deseja agora transformar em SAD.
"O passivo do Rio Ave é efetivamente preocupante. Tivemos cinco lucros consecutivos e estávamos no bom caminho, mas a descida atormentou-nos. A construção de uma nova bancada e outros projetos que já tínhamos ficaram completamente parados na gaveta", lembrou, notando os efeitos gerados por "três épocas sem vendas" dos principais ativos.
O emblema da foz do Ave enfrenta há quase meio ano um impedimento de inscrição de novos jogadores, na sequência de uma queixa apresentada pelos marroquinos do Raja Casablanca na FIFA por causa da contratação do camaronês Fabrice Olinga, em 2021.
"Já tivemos a última janela de inverno fechada, recorremos, houve julgamento em 05 de abril e estamos à espera de resposta. Poderíamos estar a trabalhar num plano A ou B, mas, nesta altura, não vai haver um plano B. O plano A é aquele que temos e passa pela não inscrição de jogadores. É nisto que estamos a trabalhar", admitiu Alexandrina Cruz.
O diferendo tem impedido o Rio Ave de registar novos contratos durante duas janelas de mercado e pode acarretar uma multa superior a 150.000 euros, limitando o planeamento do técnico Luís Freire, que, na sexta-feira, renovou contrato por mais um ano, até 2025.
"Foi uma grande aquisição. Estamos a fazer renovações com o Vítor Gomes ou o Ukra e temos outras em iminência. É isto que temos de fazer até recebermos a decisão do TAS [Tribunal Arbitral do Desporto]. Se a resposta for negativa, estamos preparados para ela", sublinhou a única candidata conhecida até ao momento para as eleições dos nortenhos.
O período de entrega de listas para o triénio 2023-2026 acaba na quarta-feira, tendo em vista a sucessão de António Silva Campos, de 62 anos, que renunciou à presidência do Rio Ave em 29 de maio, por motivos pessoais, e se prepara para sair ao fim de 15 anos.
"É uma transição muito pacífica, pois temos uma ótima relação. É o fim de um ciclo num momento difícil do clube, algo que irei abraçar com a maior das responsabilidades. Muito sinceramente, ser mulher ou homem é igual. Quando entrei, era a única mulher naquela direção e não senti diferença nenhuma. Houve um trabalho espectacular ao longo destes anos. Agora, espero dar continuidade e trazer novos projetos", indicou Alexandrina Cruz.
Inicialmente previstas para novembro, as eleições dos órgãos sociais foram antecipadas para 01 de julho, das 10:00 até às 20:00, no Estádio do Rio Ave FC, em Vila do Conde.