O emblema vila-condense foi sancionado pela FIFA, no ano passado, pela alegada inscrição irregular do atleta Fabrice Olinga, e até ao final de 2023 não pode adicionar jogadores ao seu plantel, o que causa desequilíbrios, porque também tem necessidade de realizar vendas.
"Já estou no Rio Ave há 19 anos, mas este será um verão muito diferente dos outros que passei cá. O desafio e as dificuldades serão grandes, mas as coisas não podem parar, têm de ser resolvidas", partilhou a dirigente à Lusa.
Alexandrina Cruz acredita que o clube "vai conseguir formar uma equipa competitiva" para encarar a primeira fase da temporada, mas aponta que será uma época "atípica".
"Internamente, dizemos que vamos ter duas épocas numa só. Uma até dezembro e outra depois do mercado de inverno, embora sabendo que esse período não costuma ser muito proveitoso. Estamos a analisar alguns jogadores, com a possibilidade de os contratar agora, mas só os inscrever em janeiro, mas não é fácil porque quem vem, quer jogar", confessou.
A futura presidente considerou que a renovação (até 2025) com o treinador Luís Freire foi "um voto de confiança no trabalho realizado nas duas últimas épocas", mas falou na necessidade de vender alguns elementos do plantel
"O desafio maior é ter a necessidade de vender e não poder inscrever novos jogadores. Faz-me lembrar a época da descida de divisão, e os valores que vinham para cima da mesa, mas, desta vez, temos 'fechar' tudo o que é possível, porque não temos outras portas a abrirem-se", descreveu.
A dirigente partilhou que o clube já recebeu manifestações de interesse em alguns jogadores do plantel, nomeadamente o médio Guga e o defesa Costinha, mas garantiu que "até à data não surgiram propostas concretas".
"Temos alguns jogadores com mercado, mas também precisamos deles para jogar. O Rio Ave recebe cinco milhões de euros dos direitos televisivos, mas tem um orçamento de 12 ou 13 milhões. É fácil perceber que temos de fazer vendas", explicou.
A dirigente recordou que o clube "ainda está a recuperar" dos efeitos da descida de divisão de 2020/21, e lembra que o facto de não poder inscrever jogadores "complica tudo".
"Descemos de divisão com o orçamento mais caro da história do Rio Ave, e isso contribuiu para um défice grande, porque com uma performance desportiva menos boa também não vendemos jogadores", recuperou.
No seu projeto para o Rio Ave, Alexandrina Cruz considerou "fundamental" que o clube volte a ter parceiros como a empresa Gestifute, do empresário Jorge Mendes, ou outros, com quem teve laços estreitos num passado recente, considerando que tal é positivo para "alavancar o negócio".
"Historicamente, o Rio Ave sempre teve boas relações com empresários e com todos os clubes. Neste processo, já tive de contactar com muitos clubes e as relações continuam boas. E algo que quero continuar a cultivar", vincou.
Para superar uma época que se avizinha complicada, a candidata única à liderança do clube de Vila do Conde apelou aos sócios para participarem no ato eleitoral de 01 de julho, mas também para reforçarem a sua presença na vida ativa do Rio Ave.
"O concelho tem cerca de 82 mil habitantes e o Rio Ave tem seis mil sócios, mas apenas 3.500 a 4.000 pagantes. Temos de fazer uma aposta grande, nos próximos anos, para angariar mais associados. É algo que pode demorar uma geração, por isso é fundamental irmos ter com os jovens às escolas", defendeu.
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