A longevidade de Cristiano Ronaldo foi celebrada, na noite desta sexta-feira, com uma homenagem por parte da Federação Portuguesa de Futebol, antes do jogo com a Eslováquia. É o único a atingir os 200 jogos por uma seleção no futebol masculino (e é o máximo goleador em termos de seleções, com 125 tentos). Mas, além de simplesmente participar em campo, Ronaldo consegue ser decisivo, aos 38 anos, para as vitórias da seleção.
Exemplo disso foram os dois golos obtidos pelo avançado português diante da Eslováquia. Primeiro com uma grande penalidade convertida aos 29 minutos, num momento do jogo em que Ronaldo não costuma falhar.
E, depois, no golo da tranquilidade, aos 72'. Não foram golos soberbos, mas foram decisivos (soma sete em seis jogos). Além disso, criou oportunidades para os colegas e teve uma atitude exemplar. É muito raro haver jogadores tão proficientes com 38 anos.
Feita esta 'ode' inicial ao avançado do Al Nassr, passemos ao encontro. Portugal começou o jogo com um grande caudal ofensivo na primeira parte. O primeiro golo foi obtido por Gonçalo Ramos, após um belo passe de Bruno Fernandes, a quebrar a linha defensiva eslovaca. Ramos formou parceria com Ronaldo no ataque, uma novidade tática de Roberto Martínez.
CR7 marcou o segundo através de um penálti, devido a uma mão de Vavro dentro da sua grande área, à passagem da meia-hora. Ronaldo e Gonçalo Ramos ainda ameaçaram o terceiro antes do intervalo, com o avançado do PSG a acertar no poste direito da baliza aos 43 minutos.
Na segunda parte, a equipa lusa abrandou e deu esperanças ao segundo classificado do Grupo J da qualificação para o Europeu. No primeiro remate à baliza, aos 69 minutos, David Hancko conseguiu o golo, beneficiando de um desvio no corpo de António Silva.
Portugal podia 'tremer' face ao primeiro golo sofrido em sete jogos, mas apareceu de novo Ronaldo no sítio certo. Contra-ataque de Portugal, mas podia ser do Manchester United: Bruno Fernandes encostou-se à direita e cruzou rasteiro para Ronaldo, que lá estava à espera do toque fatal.
Praticamente na segunda chegada de perigo da Eslováquia, surgiu o segundo golo, de novo de fora da área. Stanislav Lobotka, do Napoli, deu a mostrar os seus créditos com um remate fortíssimo para dentro da baliza. Foi dado muito espaço ao médio, em zona central.
A verdade é que Portugal podia ter alcançado um resultado mais volumoso (segundo a estatística relativa aos golos esperados, devia ter marcado sete). Diogo Jota e Félix falharam o 4-2, por exemplo. Mas o objetivo principal foi cumprido. Mais concretamente, o oitavo apuramento consecutivo da seleção lusa para Europeus, e de forma categórica. Sete vitórias em sete jogos, algo nunca alcançado pela seleção nacional.
Figura
Inevitavelmente, Cristiano Ronaldo foi a figura da seleção nacional, com dois golos. Já o foi em 2004, ano de nascimento de António Silva e João Neves e ainda o é hoje em dia. Foi um dos melhores jogos de Ronaldo nos últimos anos com as 'quinas' e pode estar a caminho do (recordista) sexto europeu da carreira.
Surpresa
Não foi uma surpresa integral, pois Gonçalo Ramos já é um elemento a cimentar-se na seleção nacional. Mas foi a surpresa na medida em que jogou ao lado de Ronaldo, complementando-o bem, e por ter marcado o primeiro golo de forma exemplar.
Desilusão
Rafael Leão esteve muito apagado, talvez por estar mais recuado no terreno do que gostaria. Mas a desilusão foi António Silva. Cometeu falta para grande penalidade, ainda que o árbitro não tenha assinalado, fez um corte em direção à baliza que obrigou Diogo Costa a defender para o poste e ainda foi infeliz com um desvio que traiu o guardião no primeiro golo. Azarado.
Treinadores
Roberto Martínez: Nota positiva para o 4-4-2 losango apresentado pelo espanhol, com Ramos e Ronaldo na frente. O avançado do PSG esteve mais posicional e libertou Cristiano no ataque, uma aposta ganha, portanto. Leão é que continua a ser o elemento 'a menos' na seleção ao ser tão encostado à linha, tão recuado. Martínez podia ter mexido mais cedo no jogo para impedir complacência por parte dos titulares.
Francesco Calzona: Nota muito negativa na primeira parte, com a Eslováquia a ser 'amassada' por Portugal, com um comportamento defensivo algo apático. Esteve bem ao mexer ao intervalo, sendo que um dos suplentes utilizados foi importante no primeiro golo (Benes).
Árbitro
Em geral, a arbitragem do grego Tasos Sidiropoulos foi boa. O penálti para Portugal foi bem assinalado. Mas os eslovacos podem-se queixar de uma falta dentro da grande área de António Silva, quando o jogo estava 2-0, ao elevar-se sobre um adversário impedindo a sua impulsão. Um lance de interpretação, no entanto.
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