"Os estatutos são claros relativamente ao período do mandato do presidente e, no meu entendimento, devem ser cumpridos. Não se justifica qualquer interpretação, ou qualquer leitura que prolongue para além do tempo que está estabelecido o exercício do respetivo mandato", disse à Lusa o presidente do Comité Olímpico de Portugal.
José Manuel Constantino, que falou à Lusa à margem da corrida de São Sebastião do torneio de freguesias de Rio Maior, na qual a marchadora Inês Henriques foi homenageada, pronunciava-se assim sobre a ideia defendida hoje por alguns membros do COI de modificar a Carta Olímpica para que o atual presidente, o alemão Thomas Bach, pudesse continuar no cargo para lá do limite de mandatos.
Durante a 141.ª Sessão do Comité Olímpico Internacional, a decorrer em Mumbai (Bombaim), na Índia, o vice-presidente da Associação dos Comités Olímpicos Africanos, o argelino Mustapha Berraf, foi um dos que sugeriu que se fizessem "as alterações necessárias" para que Bach pudesse manter-se na presidência durante "um mandato adicional".
A ideia foi igualmente defendida por Luis Mejía, da República Dominicana, ou pelo paraguaio Camilo Pérez, que advogou que o movimento olímpico "deve manter esta liderança tranquila em tempos de crise".
A Carta Olímpica estipula que um presidente exerce um primeiro mandato de oito anos, que pode prolongar-se por um segundo e último de quatro anos.
"Não vou esconder que as vossas palavras me tocaram o coração. Dito isto, também sabem que sou muito leal à Carta Olímpica. Ser um dos principais autores desta Carta faz-me ser ainda mais fiel a ela", respondeu Bach, após escutar as declarações dos membros do COI.
O alemão, antigo campeão olímpico de esgrima, foi eleito em 2013 e reeleito em 2021.
A Carta Olímpica foi modificada em 1995 para ampliar a idade de reforma no COI dos 75 para os 80 anos, o que permitiu a Juan Antonio Samaranch ser reeleito em 1997.
O sucessor do espanhol, o belga Jacques Rogge, foi o responsável pelo limite de mandatos no formato '8+4' anos.