As fases mais precoces da Taça de Portugal dão azo, todos os anos, a histórias de futebol improváveis. Na terceira eliminatória da competição, a sorte ditou que os três grandes se deslocassem a redutos menos conhecidos da alta roda do futebol nacional. O FC Porto defronta o Vilar de Perdizes (em Chaves), o Sporting o Olivais e Moscavide, e o Benfica foi jogar até à ilha Terceira pela primeira vez desde 1967 (na altura, para defrontar o Angrense).
Foram quase 60 anos de interregno, o equivalente a três gerações, e muita ânsia, seguramente, tinham os benfiquistas terceirenses em rever o seu clube naquele cenário. O jogo levou muitas famílias ao Estádio João Paulo II, mesmo em dia de chuva (e bastante).
Posto isto, o resultado final foi o expectável. Uma vitória folgada do Benfica sobre o Lusitânia, por 4-1, ainda que o jogo não tenha sido 'confortável'.
Num relvado muito molhado, debaixo de chuva contínua, o primeiro golo chegou com nota artística, por parte de João Mário. O médio marcou um belo golo de calcanhar, aos nove minutos. Rafa foi um 'quebra-cabeças' para a defensiva contrária e apontou o segundo, após uma excelente abertura de Chiquinho, expedito no passe.
O Benfica ainda 'estremeceu' com um golo de grande penalidade obtido por Enzo Ferrara, luso-francês que cumpre a segunda temporada ao serviço do Lusitânia. Um tento marcante na sua carreira.
Na segunda parte, o Benfica confirmou o triunfo com mais dois golos. Arthur Cabral aproveitou uma desatenção na defensiva do Lusitânia para marcar o primeiro golo de águia ao peito e já perto do final foi Tiago Gouveia a fazer o gosto ao pé, com uma bela arrancada pela direita e uma excelente finalização. Nota ainda para dois golos anulados a Gonçalo Guedes, em 45 minutos de participação no encontro. O Benfica seguiu, assim, em frente na Taça de Portugal.
Figura
Rafa Silva foi o jogador mais perigoso das águias e, quiçá, o mais decisivo. Criou oportunidades para si e para os colegas, marcando o segundo golo do Benfica com classe. Foi essencial a atacar os espaços libertos e desorganizou a defensiva açoriana.
Surpresa
Gonçalo Guedes mereceria este título após conseguir marcar dois golos, ainda que anulados, mas a verdade é que Tiago Gouveia foi a grande surpresa da noite. Fez apenas o segundo jogo pela equipa principal do Benfica esta época e aproveitou a oportunidade (quinze minutos) para assinalar um belo tento.
Desilusão
Juan Bernat continua sem mostrar as credenciais de outrora. Chegou emprestado pelo Paris Saint-Germain na reta final do mercado, mas mesmo contra um adversário mais acessível, não se destacou e acabou substituído ao intervalo por Jurasek.
Treinadores
Roger Schmidt: Esteve bem em promover a rotação no onze inicial e em dar minutos a jogadores menos utilizados, sendo que a maioria correspondeu bem. Foi proativo nas substituições, quando muitas vezes é acusado do contrário.
Ricardo Pessoa: Mesmo sabendo do diferencial de estatuto das duas equipas, o treinador do Lusitânia não abdicou da sua estrutura habitual, o 4-3-3, nem de um comportamento 'atrevido' da sua equipa. Pessoa bem avisou que não ia 'estacionar' o autocarro. Nota positiva para o jovem treinador.
Árbitro
Ricardo Baixinho, juiz da AF de Lisboa, de 36 anos, teve o mérito de passar quase despercebido na partida. Num jogo em que não teve o auxílio do VAR, parece ter acertado nas grandes decisões, como a falta para grande penalidade e os golos anulados.
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