Bruno Fernandes foi um dos jogadores escolhidos para falarem aos jornalistas no arranque dos trabalhos da seleção nacional. Ao lado do estreante Francisco Conceição, o médio do Manchester United deixou grandes elogios ao compatriota, que estava ao seu lado, e destacou o novo modelo escolhido pela equipa técnica nacional para este estágio, que conta com 32 jogadores e oito que ficaram de fora para o próximo encontro.
Conselhos de Bruno Fernandes para os estreantes Jota e Chico Conceição: "Ainda não houve muito tempo para falarmos. A primeira coisa que eu fiz foi dar os parabéns ao Francisco e ao Jota. Se estão aqui, é porque o treinador acredita que têm qualidade para cá estar. Ninguém cá vem por favores. Se cá estão, é porque algo de bom fizeram e têm vindo a fazer no campeonato. Eu que acompanho o campeonato português, sei que eles têm feito algo especial para terem esta oportunidade que é merecida. Em relação a mim, é sempre uma emoção enorme estar aqui e representar Portugal. Irá ser sempre sê-lo até ao último jogo."
Jogos particulares importantes para o Euro? "Todos os estágios são importantes, principalmente para a mensagem que o treinador está a passar daquilo que queremos fazer. Fizemos isso num nível espetacular na qualificação. Há pontos que queremos melhorar e que têm de ser trabalhados nesta altura e naqueles três jogos antes do Europeu para afinar tudo o que temos para afinar para entrar no Europeu da maneira mais forte possível."
Trabalho mais a sério para o Euro começa agora? "O nosso objetivo final começou no primeiro estágio com o míster. Assim que começou a qualificação, arranca o nosso objetivo principal. A partir daí, estamos a dar passos importantes para o nosso objetivo final que é chegar o mais longe possível no Europeu. Sabíamos desde o início que tínhamos grandes expectativas sobre aquilo que poderíamos fazer na qualificação. Tudo o que fizemos nessa fase será importante se mantivermos o mesmo nível, ou até elevá-lo, no Europeu."
Novo formato dos estágios da seleção: "O selecionador falou com vários jogadores e explicou a todos esta convocatória. Estamos numa fase da época como muitos jogos, sobretudo para quem está nas competições europeias. É muito inteligente tentar gerir ao máximo o grupo, porque há risco de lesões, cada vez há mais jogos, sempre de intensidade alta. Por isso, foi inteligente por parte do staff reunir informações sobre os jogadores com mais fadiga, a necessitar de mais descanso.. Tentam gerir o grupo da melhor forma, mas também com ambição de ganhar os dois jogos."
É fácil mudar o chip do clube para a seleção? "É fácil. Como disse, sempre que vimos à seleção é um orgulho enorme representar o nosso país. Para mim, enquanto jogador, é o ponto mais alto da minha carreira. Não existe nada que nos deixe mais orgulhosos do que isto. Sabemos que somos afortunados por poder ter esta possibilidade de jogar pela seleção, é algo único. É muito fácil desligar do clube e ligar imediatamente na seleção e o contrário igual. Estamos habituados a estas rotinas. A partir do momento em que vimos mais vezes à seleção, começamos a ganhar esse hábito."
Época em alta na seleção e em baixa no Man. United: "Sempre tive números bastante altos, por isso é que parece que estou mal no clube e bem na seleção. Antes marcava mais no clube e pouco na seleção e agora é o contrário. Obviamente também jogo numa posição avançada, onde tenho essa responsabilidade. Foi o meu melhor apuramento mas também o melhor da seleção. É um conjunto de fatores que me ajudou a dar o melhor de mim, com a ajuda dos meus colegas No Man. United, coletivamente não tem sido uma boa época, mas individualmente sei que posso fazer mais e melhor. O meu empenho e dedicação está sempre no máximo. Fico tranquilo em relação a isso. A qualidade das exibições pode sempre melhorar."
Sonho de conquistar o Europeu: "Também o temos. O sonho está bem presente nas nossas cabeças, juntamente com o nosso povo, o nosso país. Queremos voltar a dar essa alegria que esse grupo nos deus a nós. Estava de fora [n.d.r.: no Euro'2016], mas senti-me como se fosse um deles. É o nosso país e a nossa seleção. Ter essa possibilidade de sermos nós a dar essa alegria ao nosso povo... não existe nada melhor do que isso."
Importância na integração dos jogadores: "Não podemos passar toda a responsabilidade ao Cristiano de receber toda a gente da messa maneira. Ele sabe bem receber porque é o que está há mais tempo na seleção. Neste estágio há o Pepe e o Bernardo, que estão aqui há muito tempo. Todos os que estão aqui souberam receber bem quem chega. Queremos que eles se sintam à vontade e demonstrem o o futebol que têm vindo a mostrar. Se estão aqui é por mérito próprio. Queremos que tudo o que têm feito pelos clubes demonstrem também aqui e que o façam por nós. Esse papel não me cabe só a mim, mas ao grupo também. Não foi só a experiência que me ajudou a integrar-me no grupo. A malta mais jovem ajuda-te a sentir mais no teu habitat. Já me chamaram velho há bocado (risos). Estou cá para recebê-los o melhor possível."
O que pode dizer sobre a presença de Francisco Conceição? "Tenho muitas vezes esta conversa com amigos fora do futebol. O Francisco provavelmente não se afirmou mais cedo porque, felizmente ou infelizmente, tem o pai como treinador e existe a balança que às vezes não sabem fazer a diferença, mas tanto ele como o míster Sérgio Conceição sabem fazê-lo. Tem todas as qualidades para estar onde está. Merece esta chamada. Ele está aqui e o pai não é selecionador, algo de bom tem de ter. Admiro muita as qualidades dele. Gosto muito da atitude dele em campo, da irreverência que traz ao FC Porto. Desde Brahimi e Corona, faltava ao FC Porto um jogador como ele. Pode melhorar o jogo e conseguir ainda mais golos e assistências, tem qualidade para isso como se tem visto."
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