Villas-Boas diz que há três bancos com interesse em renegociar dívida

 Candidato da lista B deixa garantia.

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© Pedro Granadeiro

Lusa
23/04/2024 07:05 ‧ 23/04/2024 por Lusa

Desporto

FC Porto

Os bancos internacionais de investimento JPMorgan, Morgan Stanley e Goldman Sachs estão interessados em renegociar a dívida do FC Porto, revela André Villas-Boas, candidato da lista B à presidência do FC Porto nas eleições do clube.

"Sentámo-nos com três dos principais bancos do mundo e todos mostraram interesse em trabalhar com o FC Porto para a renegociação da dívida. Já é bom sinal que exista essa abertura. Depois, iremos lutar pelas melhores condições quanto às taxas de juro futuras", referiu o ex-treinador da equipa de futebol 'azul e branca', em entrevista à agência Lusa.

No primeiro semestre do exercício em vigor, que finalizou em 31 de dezembro de 2023, a SAD chefiada por Pinto da Costa, líder do clube desde 1982 e opositor eleitoral de Villas-Boas, averbou 512,7 milhões de euros (ME) de passivo e 223,1 ME de dívida financeira.

"Quando ouvimos a outra candidatura a falar que a banca internacional cobra juros muito superiores, realmente não sabe do que fala. Basta consultar os prospetos dos bancos e entender que eles raramente ultrapassam os 7% em reestruturação da dívida dos clubes. Mas, como há interesse próprio em financiar o clube a taxas bem acima de oito, nove ou 10%, naturalmente que isso afasta todo e qualquer interesse em ir a mercado", analisou.

Crítico de um "cenário financeiro triste", o ex-treinador ficou surpreso por ter reparado ao longo dos seus contactos exploratórios numa "ineficiência do uso de mercado" pela SAD, que "é revelador da indiferença para com o mercado internacional e de uma proteção de interesses próprios cada vez mais evidente e bem explanada" na lista de Pinto da Costa.

"O FC Porto foi a mercado sem ter procurado as soluções ótimas, mas as mais rápidas e bem mais penosas nos custos da operação e do juro. Fê-lo em claro conflito de interesse com as pessoas que rodeiam o clube atualmente, mas sem se salvaguardar de melhores idas a mercado. Um clube que acumula 250 ME em passivo e que paga 27 ME aos seus administradores muito provavelmente assusta muitos e bons investidores, que se querem atravessar com o bom nome do FC Porto, mas não o fazem pela falta de credibilidade de algumas pessoas que o governam", lamentou, projetando um "caminho longo e penoso".

Além da "obrigação e necessidade" em efetuar uma "reestruturação financeira profunda", assente na redução de custos operacionais, na subida de receitas e na renegociação de prazos e serviço da dívida, há "desafios enormes na tesouraria imediata" para enfrentar.

"Parece-nos evidente que o FC Porto está em falência operacional e não tem 'cash flow'. Está a antecipar cada vez mais receita e sujeita-se a subscrições privadas de capital e a parcerias comerciais para ter injeção de capital e poder-se manter à tona de água. São sinais claros de falência operacional, que nos assustam muito. Uma dívida e um passivo destes não se reformatam em absoluto em três anos, mas bem mais a longo prazo, que, infelizmente, é para onde temos de olhar, mas mantendo capacidade competitiva", disse.

Gestão rigorosa, potenciação dos proveitos operacionais e geração de resultados com a valorização de ativos são caminhos escolhidos para a reformatação da política financeira exigida por André Villas-Boas, de 46 anos, que admite ir ao mercado "procurar diversos tipos de investimento" para financiar a edificação do centro de alto rendimento idealizado no Olival, que vai custar entre 30 e 35 ME e deve ficar concluído até dezembro de 2026.

"Serão questões para avaliar. Ir ao mercado é fundamental, mas em busca das melhores parcerias. Antes, temos de nos sentar para ver os contratos que estão estabelecidos do outro lado [por Pinto da Costa] em relação à academia na Maia, até porque me interessa muito que o FC Porto não perca tempo de construção ou se meta no futuro em questões burocráticas. Para questões burocráticas já chegam as que levaram à não concretização da academia em Matosinhos, que esta direção demorou oito anos a resolver", recordou.

 

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