Foi um jogo com muito por contar. Desde os bastidores ao relvado, o FC Porto-Boavista, deste domingo, teve muita emoção e motivos de interesse. Os portistas venceram por 2-1, no último minuto de jogo, com um golo de Mehdi Taremi, na despedida ao Estádio do Dragão. Houve ainda homenagens a Eustáquio e ovações na bancada.
Os homens de Sérgio Conceição queriam ganhar para regressar ao terceiro lugar no campeonato, enquanto o Boavista procura a manutenção. E até a teve na mão.
Na primeira parte, o FC Porto dominava, mas não conseguia incomodar João Gonçalves, na baliza do Boavista. A melhor oportunidade fechou a primeira metade, com um remate de Pepê à barra. Do lado do Boavista, ia causando algum frisson ocasional com ataques rápidos.
Pode dizer-se que 'tudo aconteceu' na segunda parte. O Boavista chegou ao golo logo aos 60 minutos, com um belo remate de Bruno Lourenço, de pé esquerdo, para o poste mais distante. Três minutos depois, Pedro Malheiro vê o segundo amarelo e é expulso.
Fragilizado, o Boavista teve de retrair-se e o FC Porto apostou no ataque. Já com Taremi, Namaso e Evanilson na frente, os portistas empataram numa bola parada... por um defesa. Zé Pedro marcou de cabeça, aos 81 minutos. O mesmo 'modus operandi' foi utilizado por Taremi, aos 90+7'. Após cruzamento de Francisco Conceição, o iraniano marcou o golo da vitória e chorou, depois do jogo, naquela que é a sua despedida aos adeptos.
Depois do jogo, admitiu vai ser sempre um 'Super Dragão': "Sempre respeitei os adeptos. Sei que os adeptos por vezes ficaram tristes comigo, mas aceito isso. E respeito isso. Até à minha saída vou apoiar o FC Porto. Agora sou um Super Dragão", disse. E teve mesmo um 'bilhete dourado' para a vitória, qual Charlie Bucket do filme 'Willy Wonka e a Fábrica de Chocolate'.
Figura
Mehdi Taremi entrou só na segunda parte do jogo, aos 59 minutos, no lugar de Martim Fernandes. Não foi necessariamente o melhor jogador da partida, mas foi, sem dúvida, a figura. Com aquele golo aos 90+7' e as lágrimas na despedida, nenhum portista ficou indiferente.
Surpresa
Zé Pedro, que começou a época na equipa B portista, é nesta reta final do campeonato um dos jogadores mais importantes da estrutura de Sérgio Conceição. O golo do empate marcado pelo central foi determinante para a viragem do resultado. Ficou muito perto de bisar com um grande remate.
Desilusão
Alguns elementos do FC Porto estiveram abaixo do esperado, mas foi mesmo Pedro Malheiro o homem que pode ficar ligado à derrota do Boavista. Logo após o golo dos axedrezados, entrou de forma imprudente sobre Taremi e foi expulso. Na primeira parte, ia dando licença a Pepê para marcar, mas este acertou na barra.
Treinadores
Sérgio Conceição: De fora do último jogo da Liga por ter visto amarelo no final do encontro, por protestos, Conceição fez alinhar uma equipa quase igual à da última jornada. A primeira parte não terá satisfeito os adeptos portistas e, na segunda, em superioridade numérica, a chave esteve na insistência. Lançou Taremi e este mudou o jogo.
Jorge Simão: Resultado ingrato para o homem que quer manter o Boavista a salvo. Com muito menos armas do que o FC Porto, chegou a estar em vantagem. Fica a dúvida como seria o jogo se Malheiro não tivesse sido expulso. Insistiu numa postura defensiva dos seus jogadores.
Árbitro
Artur Soares Dias, da AF do Porto, teve mão demasiado leve no que toca a cartões amarelos. Deu nove cartões amarelos aos boavisteiros em apenas 12 faltas. Já ao FC Porto, mostrou apenas duas cartolinas em 14 faltas. O lance da expulsão de Pedro Malheiro é, no entanto, indiscutível.
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