"Já me disseram que se não tivesse tantas lesões talvez pudesse fazer uma carreira ainda melhor. Mas esta foi a minha realidade e sinto-me realizado com ela. Nem todos conseguiram chegar a este patamar. Só tenho que estar orgulhoso", reconheceu à agência Lusa.
O agora ex-futebolista, que terminou na sexta-feira a carreira ao serviço do Rio Ave, da I Liga, afirmou que, paradoxalmente, esses momentos de adversidade, devido às mazelas físicas, também o tornaram um melhor jogador.
"Desde que sou profissional, não me lembro de jogar sem dores. Fui operado a um joelho ainda era júnior e, infelizmente, tive muitas outras intervenções. Foram momentos difíceis, mas fizeram-me crescer como homem e atleta. Ensinaram-me que temos que sofrer muitas vezes para ter aquilo que queremos", partilhou.
Foi com esse espírito que, quando se despediu dos relvados, na partida frente ao Benfica, beijou os dois joelhos antes de sair do relvado.
"Sofreram com injeções, agulhas, líquidos, tratamentos e muito gelo. Já tive colegas que tiveram as mesmas operações e lesões e, infelizmente, deixaram de jogar. Por isso, tive de estar grato por estes joelhos se aguentarem tanto tempo", disse, sorridente.
Nessas 17 temporadas como profissional, Ukra, que começou o seu percurso de formação na Famalicão, representou FC Porto, Varzim, Olhanense, Sporting de Braga, Al Fateh (Arábia Saudita), CSKA Sofia (Bulgária), Santa Clara a Rio Ave.
"Todo o trajeto que fiz até à passada sexta-feira deixa-me orgulhoso para a minha realidade. Sei que nem todos podemos ser jogadores de classe mundial, mas, para mim, ser um bom jogador de I Liga deixa-me feliz e orgulhoso", garantiu.
No seu percurso como profissional, Ukra destaca alguns dos treinadores que o orientaram, mas recusa-se a eleger apenas um que o tenha marcado especialmente.
"Não quero ser injusto, sobretudo quando falamos de nomes como Jorge Costa, Pedro Martins, Nuno Espírito Santo, Leonardo Jardim, Domingos Paciência, Luís Freire, Daniel Ramos, João Henriques, Ricardo Sá Pinto e o André Villas-Boas. Como todos eles aprendi muito. Tanto dos treinadores, como de todos os meus companheiros de equipa, senti um incrível carinho", vincou.
Já sobre o jogo mais marcante da carreira, o ex-atacante tem menos dúvidas na sua lista de eleição.
"Talvez o que mais me marcou, pela envolvência, foi a final da Taça de Portugal com o Rio Ave em 2014. Mas não me esqueço, ainda pela Rio Ave, do jogo com o Elfsborg, em que conseguimos apuramento inédito para a Liga Europa, do meu primeiro jogo como sénior, no Varzim, da minha estreia pelo FC Porto, ou o meu regresso pelo Santa Clara depois de um período difícil de lesões", enumerou.
Ukra garante que essas memórias o vão ajudar a fazer uma transição mais suave para o pós-carreira, garantindo que recordar o passado lhe traz felicidade e realização.
"Foram muitas horas passadas em estádios, e em treinos e estágios que me deixam boas memórias. Por isso, é que estou sempre com um sorriso. As amizades e relações que criei foram o meu maior investimento no futebol", admitiu.