Com um lugar nos oitavos de final do Euro'2024 já reservado, Portugal parece ter perdido o tal foco que Roberto Martínez tanto fala e consentiu, na noite de quarta-feira, uma derrota frente à Geórgia (0-2) na despedida da fase de grupos.
Um erro de António Silva logo aos 90 segundos, num dia em o selecionador nacional decidiu renovar o onze e voltar a apostar no esquema de três centrais, abriu caminho a uma vitória que entra na história da Geórgia, que na primeira vez em que participa num Europeu consegue seguir para a fase a eliminar.
Na segunda parte, e perante a falta de inspiração de grande parte dos elementos portugueses, um novo erro do defesa do Benfica originou o segundo golo georgiano em Gelsenkirchen, acabando por confirmar a noite para esquecer da equipa das quinas.
Vamos aos protagonistas, mas não sem antes recordar que Portugal terá de medir forças com a Eslovénia nos 'oitavos' já na próxima segunda-feira.
A figura
Kvaratskhelia mostrou fazer parte da elite do futebol. Aproveitou o brinde de António Silva para desfazer o nulo logo aos dois minutos e revelou-se um autêntico quebra-cabeças para os defesas portugueses. O talento do extremo do Napoli é fora do normal e a bola ganha vida sempre que lhe chega aos pés. Por alguma razão, muitos lhes chamam de Kvaradona. Sem surpresas foi eleito pela UEFA como o MVP. Que craque.
A surpresa
No meio de tanta falta de inspiração e criatividade, João Félix foi dos poucos que conseguiu causar problemas aos defesas da Geórgia. Pediu a bola, foi para cima, rematou de longe, combinou com os colegas... Resumindo: foi dos poucos a aproveitar a oportunidade dada por Roberto Martínez.
A desilusão
António Silva deu seguimento à temporada pouco conseguida no Benfica e assinou uma noite de pesadelo em Gelsenkirchen. Foi quem abriu caminho para o primeiro golo da Geórgia e ainda cometeu o penálti que originou o segundo tento. Noite memorável pelas piores razões para o defesa do Benfica.
Os selecionadores
Willy Sagnol
O selecionador georgiano soube montar a estratégia certa para deixar Portugal à beira de um ataque de nervos. Esta Geórgia sabe defender e sabe exatamente como ferir os adversários, sejam eles quem forem, na hora de atacar. Claro está que marcar cedo ajudou bastante na missão de agarrar um lugar nos 'oitavos', mas a verdade é que a turma georgiana procurou a baliza de Diogo Costa sempre que conseguiu. Nota, ainda, para o facto de há 18 anos Sagnol ter eliminado Portugal nas meias-finais do Mundial'2006, como jogador da seleção francesa, também ele disputado... na Alemanha.
Roberto Martínez
Martínez havia dito que não iria fazer uma revolução no onze, mas apenas manteve Diogo Costa e Cristiano Ronaldo no onze, vendo, contudo, o plano B fracassar, em especial a opção por uma linha de três centrais. O sistema não favorece, de todo, o jogo de Portugal contra seleções teoricamente muito inferiores. A falta de largura foi clara, tal como a ausência de criatividade no centro do terreno. Uma noite recheada de erros que servem para aprender já no futuro próximo - segunda-feira, leia-se.
O árbitro
O suíço Sandro Schärer quis ser protagonista da partida e esteve sempre muito interventivo ao longo dos 90 minutos. Deu um cartão amarelo a Cristiano Ronaldo por protestos e mostrou outro a Pedro Neto por simulação, decisões que pareceram excessivas.
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