Javi García concedeu, esta terça-feira, uma entrevista à BTV, na qual assumiu que teve de "tomar uma decisão difícil" e deixar a equipa técnica do Benfica, onde esteve durante as duas últimas temporadas ao lado de Roger Schmidt.
"A razão de falar agora é a de que tive de tomar uma decisão. Nas últimas duas épocas, o trabalho no Benfica foi muito, temos de dar 100 por cento pela nossa equipa e pelo nosso Clube. Foram duas épocas muito exigentes, não só no Clube... Estou a tirar a minha formação como treinador, tenho a minha família, e a decisão que tive de tomar foi a de que tenho de deixar de fazer parte do staff técnico do Benfica. A razão é a de seguir a minha formação, para estar mais preparado e um dia poder voltar aqui, ao meu clube. É o que sinto, é o meu clube, a minha casa, e vou seguir a minha formação para poder um dia voltar, e voltar mais preparado", disse o antigo médio espanhol.
Javi García falou ainda sobre a relação com Roger Schmidt e analisou como foi conquistar o título de campeão nacional enquanto jogador e depois fora das quatro linhas.
"Lembro-me quando fui campeão como jogador, nunca esquecerei. Foi, quiçá, o meu primeiro título. É verdade que tinha ganhado alguns títulos antes, mas, a sentir-me protagonista, foi o primeiro título. Foi uma sensação incrível, que nunca esquecerei. Depois, como treinador, do outro lado, foi também diferente. Conseguir na primeira época também foi uma sensação incrível. Mas a verdade é que é diferente, pois como treinador podes desfrutar um pouco mais. Vemos as coisas de outra perspetiva, e podes desfrutar um pouco mais dos adeptos e da alegria de todo o mundo. São experiências igualmente bonitas", frisou Javi García.
"Pessoalmente, senti que evoluí muito. Joguei futebol durante 20 anos, mas é muito diferente. Evoluí muito graças aos grandes profissionais que temos cá, ao míster [Roger Schmidt] e ao staff técnico que está com ele. Graças a ele, senti realmente que gosto de ser treinador. Tenho de agradecer muito, o ambiente que nós temos lá dentro é incrível. Também sinto um bocadinho de pena por isso. Quando falei com o míster, disse-lhe que sinto muita pena por deixar o staff técnico, porque temos todos uma relação muito boa. Trabalhámos muito bem. Mas tenho de tomar esta decisão, não foi fácil", garantiu, antes de acrescentar.
"A verdade é que os adeptos só conseguem ver o míster no dia do jogo e no dia anterior ao do jogo, que é quando sentimos a tensão que é preciso para fazer bem as coisas. Mas, no dia a dia, o míster é incrível. Não há pessoa dentro do dia a dia do Clube, entre jogadores, staff técnico e médicos, que fale alguma coisa de mal sobre ele. É muito boa pessoa, muito agradável, muito simpático. Pode-se falar com qualquer pessoa, que vai dizer o mesmo. No dia a dia é muito fácil estar com o Roger [Schmidt]", ressalvou.
"Em geral, foi um trabalho bem feito. Falo do dia a dia. Trabalhámos muito bem, temos uma ligação muito boa. Com o Roger [Schmidt], o dia a dia é muito fácil, aprendemos todos imenso. Mas o Benfica é ganhar. É verdade que somos os primeiros a querer ter sucesso e ganhar títulos. É verdade que na primeira época fomos campeões, na última não foi possível. O principal, para mim, o que é imprescindível, é fazer agora um reset nesta paragem de férias, foi o que falámos à equipa, e voltar mais fortes. Essa é a mensagem que temos de passar à equipa e aos adeptos. A obrigação do Benfica é ganhar, é o que queremos todos, mas o mais importante é voltarmos mais fortes, unidos, com uma grande ligação entre a equipa e os adeptos", finalizou.
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