"Esta nova direção tem sete meses e está a organizar a casa. Estamos no país há 14-15 anos, mas nunca nos organizámos para ter o parecer de Utilidade Pública (UP) e depois o de UPD. O 'flag football' no programa dos Jogos Olímpicos, ainda por cima nos Estados Unidos, é uma oportunidade única para estas modalidades crescerem, motivo extra para garantirmos o estatuto o mais rápido possível para podermos ter seleções, irmos a Europeus e tentar os Jogos", disse à Lusa o presidente da Federação Portuguesa de Futebol Americano (FPFA).
Pedro Esteves esclareceu que a UP deve ser garantida pela FPFA ainda no primeiro semestre de 2025, sendo que para a UPD são necessários requisitos adicionais.
Ainda assim, e mesmo sem a plenitude dos direitos de uma federação, privada dos apoios financeiros do Estado, Portugal pretende estrear-se no Campeonato da Europa, em setembro, em Paris, em busca de um "salto evolutivo", com a anuência da Federação Internacional de Futebol Americano, que está a par do trabalho que tem sido realizado pela FPFA junto do Comité Olímpico Português (COP) e IPDJ.
"O 'flag' tem um potencial muito grande em Portugal. A Liga, que decorreu entre outubro e dezembro, contou com um recorde de 18 equipas e há mais a juntarem-se este ano. É fantástico, até para o desporto escolar, pois não precisa de grande investimento, tem regras simples e é um desporto diferente, sem contacto", elogiou o dirigente.
Esta vertente do futebol americano é, por norma, jogada por formações de cinco elementos, cada um com uma fita de cada lado da cintura, num campo mais pequeno em que cada formação tem quatro tentativas para ultrapassar o meio-campo com a posse de bola e outras tantas para o 'touchdown'.
"É muito mais simples em termos de regras, enquanto o futebol americano tem mais jogadores, implica um investimento maior, o campo é mais amplo, é preciso mais 'staff', equipamentos... sendo que, neste caso, um básico custa, no mínimo, 200 a 300 euros", exemplificou, revelando que as equipas lusas têm recebido donativos dos Estados Unidos, pagando apenas o transporte para receber equipamentos usados clubes e escolas.
Pedro Esteves destaca a aptidão dos portugueses para o 'flag' -- "somos mais baixos e franzinos, rápidos e sem necessidade de termos 150 kg para as placagens -, pelo que acredita que no futuro há condições para "uma seleção fantástica, com condições para chegar a uns Jogos Olímpicos".
A capacidade para ter um campo exclusivamente dedicado ao futebol americano é o maior desafio da modalidade, que joga em campos de futebol emprestados.
Por isso, muitas vezes não pode fixar as suas marcações específicas no relvado - o clube anfitrião vai duas a três horas antes fazê-lo com fita-cola -, tem de usar tubos de PVC nas balizas e, por norma, só pode treinar após as 21:30 ou 22:00, quando as equipas de futebol já não trabalham: do mesmo modo, o calendário competitivo está sempre dependente do 'desporto-rei'.
Apostar nos escalões jovens e na formação de treinadores, árbitros e dirigentes é outra das metas para o desenvolvimento do futebol americano, cujo 15.ª campeonato principiou há duas semanas com sete equipas, e do 'flag', que terá o Nacional no segundo semestre, sendo que, por norma, os atletas que disputam ambas as competições são os mesmos.
"O desporto americano é espetáculo e queremos trazer essa cultura para Portugal. Este desporto é realmente incrível e as oportunidades vão surgir, até porque as instituições desportivas em Portugal estão abertas a ajudar-nos. Temos um longo caminho a percorrer, mas as coisas vão correr muito bem", concluiu.
A região da capital alberga quatro equipas, os Lisboa Bulldogs, os Lisboa Devils e os Lisboa Navigators, além dos Cascais Crusaders, enquanto na zona do Porto competem os Salgueiros Renegades e Maia Mutts, com os Braga Warriors a completarem o lote de formações que disputam o campeonato.