Rui Borges tinha dito na antevisão à receção com o Estoril que não havia tempo para "uma música bonita" e isso confirmou-se na noite de segunda-feira em Alvalade. É certo que não se escutou a melodia de outras alturas, mas a orquestra esteve suficientemente afinada para levar de vencida o Estoril e entregar a liderança isolada aos leões, mas à condição.
Depois de três empates consecutivos, o líder Sporting voltou aos triunfos no campeonato e triunfou por 3-1 diante de um Estoril que fechou um ciclo de oito jogos sem perder ao somar a primeira derrota no ano civil de 2025.
Dois golos de Gyokeres e um de Gonçalo Inácio, que completou 200 jogos de leão ao peito, deram origem a um duplo feito histórico por parte do conjunto verde e branco. Mas já lá vamos a esses dados. Primeiro há a destacar a estreia como titular do jovem Eduardo Felicíssimo, de 18 anos, que rendeu Alexandre Brito.
No dia em que foi homenageado por completar 200 jogos com a camisola do Sporting, Gonçalo Inácio inaugurou o marcador de cabeça, logo aos cinco minutos. Na sequência de um livre cobrado por Debast, o central apareceu solto para festejar.
O Estoril bem que procurou contrariar a superioridade leonina, mas do outro lado estava um jogador com vontade de 'matar um borrego'. Depois de três tentativas que falharam a baliza de Joel Robles, Gyokeres fez o gosto ao pé aos 32 minutos, depois de uma arrancada pela esquerda. Estava alcançado o primeiro dado histórico da noite, com o sueco a marcar à única equipa da I Liga que ainda não estava na sua 'caderneta'.
Já durante a segunda parte, e depois de um remate ao poste de Debast, Rui Borges foi aproveitando para refrescar a equipa e promoveu a estreia de mais um jovem: o defesa direito (também pode jogar como extremo) José Silva, de 19 anos, rendeu Geovany Quenda, e Henrique Arreiol também foi lançado no encontro.
Aos 84 minutos, o Estoril criou o pânico nas bancadas de Alvalade relançou o encontro com um remate quase sem ângulo de Gonçalo Costa. Mas o Sporting acabaria por marcar o terceiro já em tempo de compensação.
João Carvalho, em queda, acabou por cortar a bola com a mão quando seguia num lance com Gyokeres. Hélder Carvalho assinalou grande penalidade e expulsou o jogador estorilista, após a intervenção do VAR. Aos 90+6', e através do castigo máximo, o sueco bisou e assinalou o outro dado histórico da noite.
Foi a primeira vez que Rui Borges somou duas vitórias seguidas desde que se mudou de Guimarães para Alvalade. Depois da vitória frente ao Gil Vicente para a Taça de Portugal, o segundo triunfo consecutivo foi contra o Estoril. Desde que assumiu o comando técnico dos leões, o treinador português conseguiu sete vitórias em 16 jogos.
Mas vamos às notas desta partida:
Figura
Gyokeres está de regresso às grandes exibições. Alheio aos problemas físicos que, por vezes, o têm afetado mas únicas semanas, o sueco marcou única equipa da I Liga que ainda não tinha sofrido com um remate certeiro do camisola 9 leonino. De arrancada em arrancada, o nórdico somou dois golos na partida e foi quebra-cabeças para a defesa do Estoril.
Surpresa
Debast tem jogado cada vez mais vezes na zona intermediária do terreno de jogo e parece adaptado a estas novas funções. Central de raiz, o belga esteve em evidência com duas assistências e só não marcou de novo porque o poste estava lá para impedir os festejos.
Desilusão
Exibição negativa de Pedro Álvaro. A par de Mangala, o defesa-central é um dos elementos com maior experiência no setor defensivo do Estoril, mas não foi capaz de ser uma ajuda para os companheiros de equipa na última noite.
Treinadores
Rui Borges
Perante um Estoril que jogou com linhas mais avançadas em Alvalade, o Sporting não teve receio em baixar linhas e procurar as arrancadas de Trincão e Gyokeres para tentar ferir o adversário. Os leões mostraram mais coesão a fechar o espaço interior, obrigando o rival a buscar soluções por fora, e foi com relativa facilidade que chegaram à vantagem de dois golos que se registava ao intervalo. No segundo tempo, o objetivo foi segurar as pontas e esperar até ao momento exato para, num erro dos estorilistas, acabar com o encontro.
Ian Cathro
O Estoril vinha de oito jogos consecutivos sem perder e não tinha averbado um desaire em 2025. Apresentou-se em Alvalade a querer jogar no campo todo, mas acabou traído pelo cinismo de Rui Borges. Os leões procuraram bem o espaço nas costas da defensiva oposta e acabaram por conseguir marcar em erros dos canarinhos.
Arbitragem
Bom trabalho da equipa de arbitragem liderada por Hélder Carvalho, sem grandes erros que se refletissem no resultado final. O juiz madeirense esteve bem ao assinalar o penálti que deu origem ao bis de Gyokeres, mas ficam algumas dúvidas num eventual cartão vermelho que podia ter sido mostrado a Xeka por falta sobre Eduardo Felicíssimo.
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