A árbitra, de 39 anos, da associação de Lisboa, mas natural de Viseu, prepara-se para fazer história no futebol português, depois de já esta época ter dirigido dois jogos das competições profissionais, no caso dois embates da II Liga.
Em 15 de fevereiro, foi a árbitra do jogo Paços de Ferreira-Feirense e, em 28, do Desportivo de Chaves-Benfica B, ambos com vitórias dos visitantes por 2-1 e relativos à 22.ª e 24.ª jornadas da II Liga, respetivamente.
Mas, para assinalar a estreia de uma mulher a arbitrar um jogo masculino de um campeonato principal, é preciso recuar quase 26 anos, quando Lale Orta, pioneira neste particular, dirigiu o jogo entre Sakaryaspor e MKE Ankaragücü, da Superliga turca, em 29 de maio de 1999.
Orta, professora universitária e nascida em Istambul, foi jogadora, treinadora, comentadora desportiva, presidente do conselho de arbitragem e árbitra, e nessa função a primeira mulher internacional pela FIFA.
Depois de Orta, foi preciso esperar mais de uma década para uma nova mulher arbitrar um jogo da 'elite' masculina e, curiosamente, também de um país da 'periferia' do futebol europeu, a República Checa.
Dagmar Damkóva foi quem fez história, ao arbitrar em 07 agosto de 2011 o jogo Mlada Boleslav-Slovacko, no que foi também a sua despedida dos relvados.
Os campeonatos do 'big-5', considerados as ligas mais competitivas na Europa, apenas tiveram uma árbitra num jogo de campeonato masculino em 2017, com a Alemanha a ser pioneira.
Bibiana Steinhaus seguiu as pisadas do pai como árbitra e fez formação em arbitragem ainda adolescente, num percurso pela Liga feminina alemã, segunda divisão e terceira divisão, antes de chegar à liga principal masculina.
A árbitra, também internacional, com Mundiais femininos, Jogos Olímpicos e Europeus no currículo, estreou-se na Bundesliga em 10 de setembro de 2017, num Hertha Berlin-Werder Bremen (1-1), e despediu-se três anos depois, com o seu último jogo a ser a Supertaça entre Bayern Munique e Borussia Dortmund (3-2), em setembro de 2020.
Entre as mulheres árbitras, a mais notável, ou pelo menos com maior notoriedade e currículo, surgiu a seguir, com a francesa Stephanie Frappart a granjear nomeações e elogios, o que acontece ainda hoje.
A árbitra gaulesa, de 41 anos e ainda no ativo, foi a primeira não só na Ligue 1, em abril de 2019, numa competição em que já arbitrou 93 jogos, mas também foi a primeira, e única, na Supertaça Europeia (Liverpool-Chelsea, em agosto de 2019), no Mundial masculino (Costa Rica-Alemanha, no Qatar2022), na Liga das Nações masculina, com quatro jogos, na Liga Conferência, com três, na Liga Europa, com seis, e na Liga dos Campeões, com três, a par de todos os jogos das competições femininas.
Frappart simboliza o expoente de uma mulher na arbitragem, apesar das estreias posteriores de Viki De Cremer na Bélgica, em fevereiro de 2022 (Genk-Seraing), ou da italiana Maria Caputi na Serie A, competição em que já contabiliza 13 jogos e na qual se estreou em outubro de 2022, num Sassuolo-Salernitana.
A mais recente estreia veio da conceituada Liga inglesa, quando Rebbeca Welch dirigiu, em dezembro de 2023, o Fulham, de Marco Silva, com o Burnley (0-2), numa época em que repetiu novo jogo masculino em abril, entre Bournemouth e Nottingham Forest, antes de se retirar já após o final da época, no torneio feminino dos Jogos Olímpicos.
Nos 'big-5', a Espanha, terceira no ranking masculino da UEFA, ainda não estreou uma mulher árbitra em jogos do principal campeonato masculino (La Liga), tendo apenas tido Guadalupe Porras como árbitra assistente, num Maiorca-Eibar, em agosto de 2019, enquanto no top-10 da UEFA, além das espanholas, também os Países Baixos nunca tiveram uma árbitra num jogo masculino do primeiro escalão.