Matematicamente, ainda era possível. Rapidamente deixou de o ser. O FC Porto 'derrapou' na visita ao reduto do Estrela da Amadora (2-0), este sábado, ficando sem qualquer aspiração na luta pelo título de campeão nacional, para além de ter falhado na missão de recuperar a última vaga do pódio.
Na sequência de uma semana marcada pela polémica noitada da passada segunda-feira, o conjunto de Martín Anselmi entrou em modo 'ressaca' e, perante o nível de sufoco do adversário, foi para o intervalo em desvantagem, com um golo de Kikas (38'), à terceira ocasião flagrante.
Já com Samu (um dos jogadores com processo disciplinar interno) em campo, Cláudio Ramos cometeu uma grande penalidade sobre Bucca e foi Alan Ruiz a quem pertenceu a responsabilidade de dilatar a vantagem tricolor (62'), numa noite estrelada que se impôs... à tal noitada.
Horas antes da comemoração do primeiro ano de presidência de André Villas-Boas, a tensão nas imediações da Reboleira atingiu níveis talvez inesperados, ao ponto de atrasar (bastante) a saída do autocarro rumo à cidade Invicta - agora a dois pontos do Sporting de Braga.
Vamos então às notas da partida:
Figura
Kikas terá feito, seguramente, uma das melhores exibições em toda a temporada, sendo mesmo o responsável por grande parte das ocasiões criadas junto da baliza de Cláudio Ramos. Só no primeiro tempo foram quatro remates, um dos quais deu em golo e permitiu uma vantagem mínima (e justa) ao intervalo para o Estrela da Amadora.
Surpresa
Jovane Cabral não ficou muito atrás do seu companheiro de equipa e só se pode dizer que apenas ficou a faltar o golo. O ex-Sporting - que já marcou ao FC Porto em dose dupla, em 2020/21 - rubricou quatro remates e, apesar de desenquadrados com a baliza, assustou (e muito) Cláudio Ramos durante todo o encontro, para além da fluidez ofensiva que ofereceu à sua equipa.
Desilusão
Francisco Moura já deu provas claras do seu valor, mas a exibição na Reboleira esteve longe de ser a mais desejada pelos adeptos do FC Porto. Com inúmeras perdas de bola e vários passes falhados, o lateral português não se conseguiu impor numa das melhores armas, o cruzamento, tendo sido substituído por Martim Fernandes a meio do segundo tempo.
Treinadores
José Faria soube como 'ferir' o FC Porto e a melhor ilustração disso mesmo foi a entrada impetuosa, a jogar olhos nos olhos do adversário, com uma primeira parte como há muito não se via na Reboleira. Além disso, o técnico dos tricolores soube ser paciente na gestão de esforço no segundo tempo e, já com uma vantagem de dois golos, foi refrescando a equipa sem riscos de comprometimento.
Martín Anselmi apenas alterou uma peça em relação ao último onze - com Cláudio Ramos a render o lesionado Diogo Costa -, mas a fórmula esteve longe de resultar, por mérito do adversário e demérito da sua equipa. Apesar da aposta em Samu no arranque do segundo tempo, o treinador argentino viu a sua estratégia 'esbarrar' no penálti (2-0), perdendo-se no fio emocional.
Árbitro
David Silva protagonizou uma arbitragem globalmente segura e, apesar de ter errado ao sinalizar uma simulação de Bucca na grande área do FC Porto, rapidamente foi chamado pelo VAR para rever o lance, corrigindo a decisão inicial ao marcar penálti, naquele que viria a ser o lance capital do encontro.
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