“Portugal vai precisar de um segundo resgate e até acho que é bom”, tendo em conta que "é a única maneira de conseguirmos finalmente combater alguns poderes empedernidos que estão à volta do Estado".
A antevisão é feita pelo economista João César das Neves, que, numa entrevista ao Dinheiro Vivo e à TSF, observa a este propósito: "Metemo-nos num grande buraco, agora só há más soluções".
E prossegue o professor universitário, "de facto as coisas correram mal, algumas coisas correram bem, mas outras bastante mal. E estamos a poucos meses do fim do prazo, pelo que o mais provável é que precisemos de outro resgate".
No entanto, salvaguarda o economista, "não é ainda a falência, não é a reestruturação da dívida, é pagar com a ajuda dos amigos".
Para César das Neves, “existe [no País] um grupinho de elite, que todos conhecemos que está a fazer birra, como se isto fosse uma coisa imposta pela Europa”. "Não são os portugueses, que a maioria dos portugueses até está a apertar o cinto e a dar a volta", assinala.
"Há dois grupos claríssimos, uns mais visíveis, outros menos. O primeiro é feito de interesses e à volta do Estado (...)", reportando-se aqui, a título de exemplo, a médicos e professores. "Depois há um lado mais oculto que tem a ver com empresas, que estão próximas do Estado, as que têm no Estado um grande cliente, como bancos, construtoras... e outras, como a EDP", concretiza o docente.
O economista destaca ainda o facto de que o antigo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, "deveria ter continuado [no Governo] pelo menos até ao fim do [presente] resgate".