Os últimos dias têm sido complicados para a Caixa Geral de Depósitos (CGD) que se viu envolta numa nova polémica por causa de uma alegada gestão danosa entre os anos 2000 e 2015. A auditoria, que trouxe essas falhas a público, foi entregue, esta sexta-feira, pelo presidente da instituição bancária, Paulo Macedo, na Assembleia da República.
À saída do encontro com a presidente da Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, Teresa Leal Coelho, Paulo Macedo disse em declarações aos jornalistas que esta polémica em torno da CGD "afeta claramente" o banco público.
"O interesse da instituição é de clarificar as coisas e de deixar esta mancha de suspeição", disse Paulo Macedo, acrescentando: "Há um dano nos colaboradores da Caixa e no seu negócio (...) Isto afeta claramente a Caixa e a motivação dos seus trabalhadores. Isto num banco que está a recuperar de seis anos de prejuízos obviamente que não é indiferente", rematou.
O banqueiro aproveitou ainda para apontar o dedo aos que culpam todos aqueles que passaram pela Caixa. "Tentar que qualquer pessoa que passou pela Caixa seja culpado e tenha cadastro não é aceitável", disse Paulo Macedo, em declarações aos jornalistas.
Isto acontece após ter sido dada 'luz verde' por parte da Procuradoria-Geral da República, que alegou "nada a opor" quanto ao facto de o documento da auditoria à CGD ser disponibilizado à Assembleia da República.
A versão preliminar da auditoria, datada de dezembro de 2017, foi divulgada na semana passada e fez estalar à polémica devido à concessão de créditos mal fundamentada, atribuição de bónus aos gestores com resultados negativos, interferência do Estado e aprovação de empréstimos com parecer desfavorável ou condicionado da direção de risco da CGD.
Esta sexta-feira, o Jornal de Negócios deu conta de uma versão preliminar da auditoria que está já a circular na Internet. No entanto, segundo Teresa Leal Coelho a versão final é "manifestamente diferente" da versão preliminar, embora não tenha referido em que aspectos elas diferem.
Já se sabe que o Parlamento vai avançar com uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito, já depois de o ministro das Finanças, Mário Centeno, ter considerado que existiu "má gestão" na CGD.
Auditoria salvaguarda segredo bancário e não segredo profissional
O presidente executivo da CGD afirmou também que o relatório da auditoria entregue na Assembleia da República salvaguarda o segredo bancário, optando o banco público por não preservar o segredo profissional da instituição.
"Há toda uma parte de estratégia, parte comercial, de atos, de estrutura de custos, etc., que cada entidade deve preservar para si. A CGD optou por não o fazer e a única coisa que a este relatório foi retirado foi a parte relativa ao segredo bancário", afirmou Paulo Macedo.
[Notícia atualizada às 15h07 com as declarações de Paulo Macedo]