Nas previsões intercalares de inverno hoje publicadas, o executivo comunitário estima que o Produto Interno Bruto (PIB) na zona euro progrida 1,3% este ano e 1,6% em 2020, quando nas anteriores projeções, de outono (divulgadas em novembro), antecipava valores de 1,9% e 1,7%, respetivamente.
Para o conjunto da União Europeia (já a 27, dado a saída do Reino Unido estar agendada para final do próximo mês), a Comissão Europeia revê igualmente sobretudo em baixa a previsão de crescimento para 2019, que estima agora que se fixe nos 1,5%, quando há três meses antecipava que chegasse aos 2,0%.
Para 2020, prevê que acelere para os 1,8% do PIB, ainda assim abaixo do valor projetado no outono, de 1,9%.
As revisões em baixa da Comissão Europeia têm até "efeitos retroativos", já que, com os dados agora disponíveis, que confirmam um abrandamento da economia mais vincado do que o esperado nos dois últimos trimestres do ano passado, sobretudo no derradeiro, Bruxelas estima que em 2018 a economia tenha crescido 1,9% na zona euro e na UE a 28, quando em novembro projetava crescimentos de 2,1 e 2,2%, respetivamente.
De acordo com o executivo comunitário, tal deveu-se ao facto de a atividade económica ter sido mais moderada do que o previsto no segundo semestre do ano passado, face a um abrandamento no crescimento do comércio global, a um decréscimo na confiança, e por a produção em vários Estados-membros ter sido negativamente afetada por fatores domésticos temporários, como interrupções na produção de automóveis, tensões sociais e incerteza sobre políticas orçamentais.
Bruxelas sublinha que a economia europeia deverá crescer em 2019 pelo sétimo ano consecutivo, e em todos os Estados-membros, mas admite que "o ritmo do crescimento deverá ser moderado, comparativamente com as taxas elevadas dos últimos anos", e adverte que "o cenário está sujeito a uma grande incerteza".
"Um elevado grau de incerteza rodeia o panorama económico e as projeções estão sujeitas a riscos negativos. As tensões comerciais, que têm pesado sobre o sentimento há já algum tempo, aliviaram até certo ponto, mas continuam a ser um fator de preocupação", aponta a Comissão Europeia.
Bruxelas justifica também o cenário de incerteza com o facto de a economia chinesa ter abrandado de forma mais vincada do que era antecipado e de os mercados financeiros globais e muitos mercados emergentes serem vulneráveis a mudanças abruptas, além de, sublinha, o processo de saída do Reino Unido da UE ('Brexit') continuar a ser "uma fonte de incerteza".
Relativamente à inflação, o outro indicador macroeconómico contemplado nestas previsões intercalares, a Comissão Europeia estima que este ano abrande para os 1,4% na zona euro e 1,6% na UE a 27, e progrida ligeiramente -- uma décima -- no próximo ano, para os 1,5% no espaço da moeda única e 1,7% no conjunto dos 27 Estados-membros.