"Tem que haver diálogo e, desse diálogo, tem que resultar uma aceitação inequívoca da parte do Governo em reconhecer o tempo de serviço prestado. É só isso que é preciso, um compromisso político", afirmou Carlos Silva aos jornalistas, em Viseu, no final de uma reunião do secretariado nacional da UGT.
Carlos Silva lembrou que o Governo já disse que pagará "o equivalente à quarta parte dos nove anos, quatro meses e dois dias".
No seu entender, o que os sindicatos querem é, "primeiro, o compromisso político de ver reconhecido o tempo" e, segundo, que o Governo "implemente desde já o pagamento" do período que decidiu.
"Depois abre a porta a um processo negocial, nem que seja na próxima legislatura, seja ou não seja o PS Governo. Porque, a partir do momento em que o Estado assume, pela posição do Governo, o compromisso de contagem, isso tem de ser contado mais cedo ou mais tarde", frisou.
Segundo o secretário-geral da UGT, durante a reunião em Viseu foi dito que isso "pode ser na próxima legislatura, pode ser nas duas próximas legislaturas".
No entanto, "há uma coisa de que os trabalhadores não prescindem, é que o tempo do seu trabalho tem de contar para efeitos de progressão na carreira e também de reforma", avisou.
Carlos Silva mostrou-se otimista, por considerar que "há muitas portas abertas".
"Eu percebo que possa haver organizações sindicais que queriam já tudo discutido. O Governo não tem essas condições, nem quer assumi-las, mas para nós era importante que pudesse assumir a contagem integral do tempo", frisou.
Segundo o responsável, "havia uma predisposição para não se participar na reunião de dia 04" de março, mas, depois da sua insistência, os sindicatos da UGT estarão presentes para negociar.
"Nós não podemos voltar as costas à negociação, mesmo que venham lá com uma mão cheia de nada", acrescentou.
No que respeita à luta dos enfermeiros, o responsável saudou "a abertura da ministra da Saúde para recuperar o processo negocial", apesar de a considerar tardia.
"É tardia, mas vale mais tarde do que nunca", sublinhou.
Carlos Silva realçou que a UGT espera que os processos relativos quer aos professores, quer aos enfermeiros, sejam desbloqueados, de forma a diminuir "a escala de conflitualidade social que o país vive nos últimos tempos".
Na reunião do secretariado nacional da UGT foi ainda abordado o estudo económico da OCDE, lamentando Carlos Silva que esta estrutura venha dizer, "entre algumas coisas boas, que o país tem de continuar a fazer ajustamentos", a ter atenção às reformas antecipadas e à negociação coletiva e que são precisos mais impostos.
"Mas, afinal, o que é isto? Depois de termos abandonado a chamada página da austeridade em 2015, vem a OCDE relembrar-nos de que é preciso continuar a fazer sacrifícios? Nós rejeitamos isso em absoluto", afirmou.
Foi também aprovada uma moção em defesa dos CTT, por o serviço público de distribuição postal estar "a acontecer com enormes dificuldades".
Segundo o secretário-geral da UGT, durante a reunião, os sindicatos referiram que "tem havido uma desvalorização do serviço público postal".
"Temos um serviço público para prestar. Se não há dinheiro o que é que se faz? Encerram-se os CTT em 2020, quando termina o contrato de concessão?", questionou.