O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu, esta quarta-feira, que o Governo tenha uma intervenção mais musculada nas negociações entre os sindicatos e transportadoras, considerando que o "conflito é com privados mas mexe com o interesse público". Por isso, pede também um alargamento dos serviços mínimos
Em declarações ao Expresso, o chefe de Estado disse que "não basta negociar a garantia de serviços mínimos, é preciso começar a negociar a questão de fundo".
Por isso, Marcelo espera que seja dada particular atenção à eventual necessidade de alargar o âmbito da requisição civil. No entanto, não coloca de parte a possibilidade de o Governo ter de subir um patamar no âmbito da requisição civil, para lá dos serviços mínimos.
De acordo com o mesmo jornal, o chefe de Estado não compreende que o Governo tenha desvalorizado a situação, após ter conhecimento do pré-aviso de greve, a 1 de abril.
Marcelo manifestou-se, ainda, preocupado com o risco de este conflito se alastrar a outros camionistas com cadernos reivindicativos, que aguardam igualmente resposta.
Mais tarde, em declarações aos jornalistas à margem de uma visita à serra de Grândola (Setúbal), o Presidente da República sublinhou que "há duas urgências" a resolver no que toca à greve dos combustíveis, que passam por "garantir que os serviços mínimos funcionam mesmo" e que são ampliados.
"Eu direi, em primeiro lugar, num clima que tem de ser um clima de serenidade, que há duas prioridades, duas urgências, que são simultâneas", afirmou Marcelo. A "primeira urgência", prosseguiu, é a de "garantir que os serviços mínimos funcionam mesmo" e que "são de tal forma amplos que cobrem aquelas necessidades coletivas que verdadeiramente justificam esses serviços mínimos", como os casos dos transportes coletivos ou da distribuição de medicamentos, defendeu.
Mais, acrescentou. "Faz sentido a eventual ampliação dos serviços mínimos, não só a todo o país", como "o Governo já deu a entender", mas "também a outras atividades, porque também elas são, de alguma maneira, estratégicas na definição dos serviços mínimos".
Ao mesmo tempo, lembrou o chefe de Estado, "é preciso tratar da questão de fundo, porque os serviços mínimos não resolvem o problema das pessoas".