O plano de desenvolvimento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau foi "lançado publicamente" em fevereiro passado, pelo Governo central chinês, com um objetivo específico de apoiar Macau no desenvolvimento de uma plataforma de serviços financeiros entre a China e os países lusófonos, disse Rodrigo Brum na conferência "Macau enquanto plataforma comercial e económica entre a China e os Países de Língua Portuguesa".
"Há umas duas décadas que andamos à volta deste tema, mas, neste momento, falamos de um projeto de iniciativa do Governo central, com a chancela de Pequim. Estamos a falar de algo que vai acontecer", destacou sobre a construção, no sul da China, de uma metrópole mundial a partir de Hong Kong e Macau, e nove cidades da província de Guangdong (Dongguan, Foshan, Cantão, Huizhou, Jiangmen, Shenzhen, Zhaoqing, Zhongshan e Zhuhai).
A região da Grande Baía tem cerca de 70 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) que ronda os 1,3 biliões de dólares norte-americanos.
Para Macau, além da plataforma de serviços financeiros, o plano de desenvolvimento da Grande Baía prevê, entre outros, o estabelecimento de um sistema de garantias de crédito à exportação e o desenvolvimento de centro de compensação de renmimbis para os países lusófonos.
"Este é um projeto que, pela primeira vez, tem a marca de Pequim, e sobre projetos, todos reconhecemos à China capacidade de planeamento e de execução, portanto Macau está inserido no projeto mais dinâmico na zona já mais dinâmica" do país, sublinhou o secretário-geral adjunto do Fórum Macau, organismo criado em 2003.
E "o papel de Macau é ser a ligação aos países de língua portuguesa" neste projeto, que será para os países e empresários lusófonos "um dos desafios mais importantes ao enfrentar os investimentos e os negócios na China", concluiu Rodrigo Brum.
Já o diretor do Departamento Regional de Desenvolvimento e Planeamento, Shi Kun, do Instituto de Desenvolvimento da China, baseado na zona económica especial de Shenzhen, adjacente a Hong Kong, apresentou algumas propostas para a diversificação económica de Macau, prejudicada pela falta de espaço para desenvolver indústrias.
Shi Kun destacou a possibilidade de aproveitar, através da construção de aterros, os 85 quilómetros quadros de aérea marítima, cuja administração foi concedida por Pequim em 2015 a Macau, bem como incentivar a mobilidade e cooperação com outras cidades da área da Grande Baía.
No âmbito da inovação tecnológica, Macau pode aproveitar a transferência de tecnologia na área da medicina e da biologia com Portugal, e também exportar tecnologia no âmbito do desenvolvimento de cidades inteligentes nos países lusófonos, indicou.
Organizada pela Fundação Rui Cunha, em parceria com a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, a conferência contou ainda com a intervenção do presidente do Instituto de Formação Financeira de Macau, Félix Pontes, que destacou a necessidade de flexibilidade, na concretização de negócios, da legislação comercial, "não só nos aspetos jurídicos, mas também nas suas práticas".
A Grande Baía vai exigir a Macau "capacidade de organização, de decisão e de concretização de projetos", num projeto em que a cooperação entre as nove cidades chinesas e as duas regiões administrativas especiais "é uma tendência óbvia", e o qual levará a "uma séria integração" se as dificuldades forem ultrapassadas, destacou.