De acordo com um dos gráficos do documento, em Portugal trabalha-se em média 45 horas por semana, apesar da legislação laboral prever o limite das 40 horas semanais.
O relatório conjunto da OIT e da Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho (Eurofound) analisa as condições de trabalho numa perspetiva global e faz uma análise comparativa relativa à qualidade do emprego em 41 países, entre os quais 28 da União Europeia, nos últimos cinco anos.
Segundo o estudo, mais de metade das pessoas da República da Coreia, Turquia e Chile trabalham mais de 48 horas por semana.
Quanto ao trabalho intensivo, "com prazos apertados e trabalho de elevada intensidade", é habitual para 50% dos trabalhadores dos Estados Unidos, Turquia, El Salvador e Uruguai.
Independentemente do país em análise, os trabalhadores com menos instrução têm menos acesso a oportunidades para aumentar as suas competências.
A exposição a riscos físicos é frequente e transversal. Mais de metade dos trabalhadores abrangidos pela análise está sujeita a movimentos repetitivos de mãos e braços.
Mais de 20% das pessoas trabalha sob elevadas temperaturas e outro tanto trabalha sob baixas temperaturas.
O elevado ruído foi outro dos riscos detetados no meio laboral, afetando entre um terço e um quinto dos trabalhadores. Na União europeia afeta 28% dos trabalhadores, enquanto que na Turquia afeta 44%.
O relatório reafirma que, em todos os países, as mulheres "ganham significativamente menos do que os homens".
Refere ainda que 12% dos trabalhadores assumiram que já "foram objeto de abuso verbal, comportamento humilhante, intimidação, atenção sexual indesejada ou assédio sexual".
A insegurança no emprego é também uma referência generalizada, dado que mais de 30% dos trabalhadores referiram ter um emprego sem perspetivas de carreira.
Na União Europeia, um em cada seis trabalhadores receia perder o emprego e nos Estados Unidos um em cada dez tem o mesmo sentimento.
O relatório conjunto da OIT e da Eurofound considera que a qualidade do emprego "é cada vez mais um problema político importante".
Defende que o emprego de qualidade traz vantagens para os trabalhadores, para as empresas e para a sociedade em geral.
Segundo o estudo a qualidade do emprego pode ser melhorada "reduzindo as excessivas exigências aos trabalhadores e limitando a sua exposição aos riscos" e ajudando-os a alcançar os seus objetivos profissionais.
O relatório considera ainda fundamental o diálogo social, entre os representantes dos trabalhadores e dos empregadores, para melhorar a qualidade do emprego, assim como o papel das autoridades públicas, enquanto regulamentadoras.