"Na proposta de dividendo aos acionistas versus a proposta de compensação aos trabalhadores, é mais generosa a compensação aos trabalhadores", disse Miguel Maya na apresentação dos resultados do primeiro trimestre, justificando que aos acionistas a administração está a propor a distribuição de cerca de 30 milhões de euros, o que é um dividendo correspondente a cerca de 10% do resultado de 2018 (301,1 milhões de euros), enquanto para os trabalhadores está a propor 12,6 milhões de euros.
"Dos valores que os colaboradores deixaram de receber, que não é uma devolução é uma compensação, o que estamos a propor à assembleia-geral é equivalente a um terço desse valor", afirmou.
Maya disse ainda que quer devolver o restante aos trabalhadores até ao final do seu atual mandato, em 2021.
Em abril, o BCP anunciou que ia propor em assembleia-geral de acionistas, que decorre em 22 de maio, a devolução de cerca de 12,6 milhões de euros aos trabalhadores, pela redução de salários entre 2014 e 2017, bem como o pagamento de dividendos de 0,002 euros por ação, no total de cerca de 30 milhões de euros.
Entre meados de 2014 e meados de 2017, os trabalhadores do BCP com remunerações acima de 1.000 euros brutos mensais tiveram os salários cortados (entre 3% e 11%), no âmbito do plano de reestruturação acordado com Bruxelas que se seguiu à ajuda estatal (de 3.000 milhões de euros) e que implicou também o fecho de balcões e a saída de milhares de trabalhadores em programas de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo.
Os cortes salariais acabaram em julho de 2017, tendo então o banco dito que permitiram salvar 400 postos de trabalho.
Sobre a revisão do acordo de empresa, que está a ser negociada com os sindicatos, Miguel Maya não adiantou hoje detalhes, dizendo apenas que o processo decorre.
O BCP tinha 7.262 trabalhadores em Portugal no final de março.