Uma dessas respostas foi ao deputado do PCP Duarte Alves, que questionou o empresário sobre como conseguiu, em 2006, 50 milhões de euros para compra de ações através da empresa Metalgest, que tinha então um volume de negócios de apenas 50 mil euros e um resultado operacional bruto (EBITDA) negativo.
"Pergunte à Caixa, eles é que me emprestaram o dinheiro", afirmou Berardo na comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Questionado ainda pelo deputado comunista sobre por que pediu dinheiro usando diferentes entidades - Metalgest, Fundação Berardo - o empresário respondeu "pergunta bem".
"O meu trabalho é ir pedir dinheiro, para rentabilizar, não deu certo, na vida é assim", acrescentou.
Já nas respostas a outros deputados, por várias vezes, Berardo recomendou que os parlamentares fizessem as perguntas aos bancos que concederam os créditos.
O empresário Joe Berardo tem sido dos clientes bancários mais falados na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão da CGD, pelo incumprimento nos elevados empréstimos que lhe concedeu o banco público.
Segundo a auditoria da EY à gestão da CGD entre 2000 e 2015, o banco público tinha neste último ano uma exposição a entidades de Joe Berardo (Metalgest e Fundação Berardo) na ordem dos 321 milhões de euros.
Os empréstimos a Joe Berardo serviram para financiar a compra de ações do BCP, cuja garantia eram as próprias ações, que depois desvalorizaram praticamente na totalidade, gerando grandes perdas para o banco público.
Berardo considerou hoje, na audição, que ter investido no BCP foi um grande erro: "O BCP foi o maior desastre que eu tive na minha vida", declarou.