"O tema das alterações climáticas tem duas categorias de riscos -- físicos e de transição. Os físicos têm a ver com as catástrofes naturais, imprevisíveis e cada vez mais graves e frequentes, e os riscos de transição estão associados a um modelo económico hipocarbónico", afirmou Luís Laginha de Sousa, durante a conferência 'Financiar a nova economia de baixo carbono', organizada pela Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Para os bancos centrais, segundo este responsável, a conjugação destes riscos tem implicações para a estabilidade financeira, que assegura que o sistema, no seu conjunto, "tem capacidade para resistir a choques e evitar perturbações que possam impactar a atividade económica".
No entanto, para haver um sistema financeiro sustentável, a atividade económica também tem que ser sustentável, defendeu.
Neste sentido, é importante que os bancos centrais identifiquem os riscos que já estão hoje no sistema financeiro e depois, na transição para um modelo hipercarbónico, "percebam quais os riscos que existindo no sistema económico podem ou não transmitir-se ao sistema financeiro".
Luís Laginha de Sousa lembrou ainda, durante a sua intervenção, que os bancos centrais não são imunes à agenda política e às afirmações dos intervenientes nas instituições mais relevantes a nível mundial, como a Comissão Europeia ou o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Relativamente ao 'timing' para as instituições abordarem o tema da sustentabilidade, o administrador do BdP considerou que é melhor abordar estes temas no tempo correto do que "não sobreviver" a uma fatura de estar à frente do tempo.
"A disrupção vem por ondas, mas se nos lançarmos antes do tempo [...] somos projetados contra as rochas e, se for no tempo certo, conseguimos aproveitar a energia da onda", sublinhou.