Com o final da Web Summit é altura de fazer balanços e perceber, afinal, o que é que marcou esta quarta edição da cimeira em Portugal. Há dois assuntos polémicos aos quais não podemos fugir: o das camisolas vendidas por cerca de 800 euros e os voluntários a trabalhar no recinto.
A cimeira de tecnologia e empreendedorismo terminou na quinta-feira, ao final da tarde, com o discurso do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que aproveitou o momento para desvalorizar uma destas polémicas, sendo que ele próprio assumiu que se fosse mais jovem seria voluntário.
Camisola vendida por cerca de 800 euros
Sim, cerca de 800 euros. Uma camisola de lã por 800 euros e não é de nenhuma marca conhecida ou de luxo, trata-se apenas de uma camisola que estava à venda na loja de 'souvenirs' da Web Summit.
A polémica em torno deste valor - que não significa, inclusive, que não tenha sido vendida, até porque as 50 unidades esgotaram - levou a que o fundador da cimeira, Paddy Cosgrave, recorresse à rede social Twitter para justificar a situação. Segundo Cosgrave "não se trata de negócio", mas antes de uma forma de apoiar uma pequena indústria da região onde nasceu a mulher.
"A minha mulher não tem qualquer interesse em lançar um negócio com objetivo de [fazer] lucro. Trata-se apenas de [uma forma de] ajudar uma indústria que está a desaparecer na região rural onde nasceu na Irlanda. Muitas mulheres da sua família obtinham rendimentos através desta atividade", pode ler-se no post.
My wife has no interest in building a a business for the purposes of profit. It’s solely to help support a dying industry in the small rural area where she is from in Ireland. Many of the women in her family originally subvented their family income by knitting
— Paddy Cosgrave (@paddycosgrave) November 2, 2019
Os voluntários
Mais um ano e regressou a polémica em torno dos voluntários. Até porque quem participou no evento sabe que há muitos jovens a trabalhar como voluntários naquela que é uma das maiores cimeiras de tecnologia do mundo.
Qual é o problema do trabalho de voluntariado? À partida, nenhum. A questão é que não é pago. Trata-se de um "trabalho não pago e não compulsivo, que consiste no tempo que os indivíduos dedicam a atividades não remuneradas", de acordo com a Organização Internacional do Trabalho.
A produção da Web Summit vê esta questão com bastante naturalidade: "A maior parte dos voluntários que temos até são CEO de empresas de outras partes do mundo para aprenderem. Para eles é uma oportunidade de aprendizagem, aqui em Portugal é que existe um ponto de vista muito diferente sobre o voluntariado", disse uma das produtoras do evento, em declarações ao Notícias ao Minuto.
Partilham desta linha de pensamento o primeiro-ministro, António Costa, que desvalorizou a questão, e o Presidente da República, que assumiu, inclusive, que se fosse mais jovem participaria também como voluntário na cimeira.
"Este evento, como grande parte dos eventos, vive de diversas formas. E também de muitos voluntários. Muitos deles são voluntários porque acham que é uma excelente oportunidade de poderem conhecer o evento, participarem por dentro da experiência, terem contacto com toda esta realidade e isso contribui para a sua própria formação", disse António Costa, aos jornalistas.
Marcelo, no discurso de encerramento do evento de tecnologia e empreendedorismo, deixou uma palavra de agradecimento aos participantes e não se esqueceu de todos os que contribuíram: "Obrigada a todos, participantes, startups, parceiros, voluntários, voluntários", repetiu.