Reguladores do setor ordenaram em julho o fecho da Northern Endeavor, uma das maiores plataformas de petróleo 'offshore' da Austrália, no Mar de Timor, depois de comprovarem ferrugem, a falta de um sistema de combate a incêndios e "riscos de ocorrência de um grande acidente".
Tal obrigou a empresa proprietária, a Northern Oil and Gas (NOGA) a iniciar um processo de "administração voluntária", um mecanismo de salvamento da empresa que implica a nomeação de um administrador independente que analisa as opções disponíveis.
A KPMG, a empresa administradora nomeada, tem até à próxima semana para encontrar um comprador para a plataforma, que terá que gastar mais de 50 milhões de dólares australianos (31,1 milhões de euros) para reparar a embarcação no estaleiro em Darwin.
Segundo a ABC, se não for possível encontrar um comprador, os campos petrolíferos de Laminaria e Coralina -- que estão em águas de Timor-Leste -- teriam que ser desativados, o que obrigaria a tapar várias cabeças dos poços para impedir a fuga de 24 milhões de barris de petróleo para o Mar de Timor.
Estima-se que o custo da operação, que ronda os 124 milhões de euros, tenha que ser pago pelo Governo australiano, ou segundo os 'media' daquele país, pela antiga proprietária dos poços, a Woodside Petroleum.
Angus Karoll, proprietário da NOGA -- que comprou a Northern Endeavour à Woodside em 2016, disse à ABC que ainda espera conseguir que a plataforma volte à produção, afirmando que descomissioná-la "não é o plano" da empresa.
Karoll apelou aos reguladores para que levantem a sua proibição de extrair petróleo com navios com corrosão, permitindo que sua empresa saia da administração voluntária, insistindo que as reparações necessárias podem ser feitas no mar.
O responsável da NOGA disse que a sua ideia tem o apoio do ministro dos Recursos, Matt Canavan, informação que este desmentiu.
"Referi ao senhor Karoll a importância de cumprir as condições descritas nas ordens [do órgão regulador]. Apoio totalmente as ações [do órgão regulador]", disse o ministro.
"A nossa prioridade deve ser a segurança dos trabalhadores do setor de petróleo e gás e também manter o nosso ambiente limpo", afirmou.
Os campos de Coralina e Laminária, que estão praticamente no final da sua vida útil, produziram uma média de 2.944 barris por dia no primeiro trimestre do ano, tendo custado cerca de mil milhões de dólares (910 milhões de euros) em investimentos em 1999.
Desde que começou a ser explorado, produziu mais de 203 milhões de barris com as estimativas de receitas a serem de 6,8 mil milhões de dólares (6,1 mil milhões de euros) e o Governo australiano a receber mais de 2,2 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros), segundo a organização não-governamental (ONG) La'o Hamutuk.