Escândalo "não ajuda reputação dos bancos" mas BPI está "tranquilo"

O presidente executivo do BPI, Pablo Forero, considerou hoje que o caso 'Luanda Leaks' não é favorável para a reputação dos bancos, apesar de estar "tranquilo", porque BPI "sempre" cumpriu a lei.

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Lusa
03/02/2020 13:15 ‧ 03/02/2020 por Lusa

Economia

Luanda Leaks

"Estes assuntos naturalmente não ajudam na reputação dos bancos em geral, mas nós estamos tranquilos, porque sempre cumprimos a lei", referiu Pablo Forero, na conferência de imprensa sobre os resultados de 2019, em que o banco detido em 100% pelo CaixaBank diminuiu os lucros em 33% para 328 milhões de euros.

"Nós estamos tranquilos, porque, como sempre, estivemos a analisar todas as operações de todos os nossos clientes, sejam acionistas ou não", acrescentou o presidente executivo da instituição, esclarecendo, ainda, que a prática é alertar as autoridades quando são identificados casos suspeitos.

Em relação ao Banco de Fomento de Angola (BFA), detido em 48,1% pelo BPI e controlado maioritariamente pela Unitel, Pablo Forero lembrou que a recomendação do Banco Central Europeu continua a ser a de reduzir a sua participação na instituição.

"A recomendação é muito clara e, portanto, não há novidades", reiterou o responsável, dizendo também não esperar "nenhuma notícia negativa" para o BPI com respeito ao BFA, que acaba de renovar a sua administração, assim como o seu presidente e presidente executivo.

No entanto, o presidente executivo do BPI sublinhou que "[O BFA] é o melhor banco de Angola, o mais forte e o mais rentável e que tem melhor reputação em Angola".

Em relação à Efacec, que viu recentemente anunciada a saída de saída de Isabel dos Santos da estrutura acionista, Pablo Forero não quis comentar "posições concretas dos clientes [do BPI]", mas sublinhou tratar-se de "uma empresa muito importante para Portugal", que o banco "é sempre parte da solução, nunca parte do problema", e que pretende trabalhar com a empresa para "melhorar tudo o que houver para melhorar".

O BFA é, desde início de 2017, controlado pela Unitel, a maior operadora de telecomunicações de Angola. Antes, o BFA era controlado pelo BPI, que fundou o banco em Angola na década de 1990.

Contudo, em janeiro de 2017 o BPI cumpriu uma exigência do Banco Central Europeu e reduziu a operação em Angola, através da venda de 2% da sua participação à Unitel (por 28 milhões de euros).

O BFA é, desde então, controlado pela Unitel, com 51,9%, tendo o BPI 48,1%.

Os acionistas da Unitel elegeram na quarta-feira o antigo ministro angolano Rui Mangueira para a presidência do Conselho de Administração do BFA, substituindo Mário Leite da Silva.

Mário Leite da Silva, gestor e apontado como o braço direito da empresária angolana Isabel dos Santos, é um dos implicados nos esquemas financeiros vindos a público através da investigação jornalística conhecida como 'Luanda Leaks' e foi constituído arguido pela Procuradoria-Geral da República de Angola.

Em 22 de janeiro, a Procuradoria-Geral da República de Angola anunciou que Isabel dos Santos tinha sido constituída arguida por alegada má gestão e desvio de fundos durante a passagem pela petrolífera estatal Sonangol.

De acordo com a investigação do consórcio, do qual fazem parte o Expresso e a SIC, Isabel dos Santos terá montado um esquema de ocultação que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para uma empresa sediada no Dubai e que tinha como única acionista declarada Paula Oliveira.

A investigação revela ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no EuroBic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária da petrolífera angolana.

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