Fitch alerta. Surto aumenta riscos para o crescimento da economia da UE

O surto do novo coronavírus "abre novos canais para afetar" a economia da União Europeia [UE], "aumentando o impacto adverso no crescimento do PIB [Produto Interno Bruto]" da região, de acordo com a agência de rating Fitch.

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Lusa
05/03/2020 19:00 ‧ 05/03/2020 por Lusa

Economia

Covid-19

Referindo-se ao crescimento de novos caso da Europa, e que "75% dos casos europeus em Itália, a maioria dos 27 Estados-membros da União Europeia estão agora afetados", a Fitch assinala que "as medidas de contenção da Itália indicam o impacto potencial nos serviços e nos padrões de consumo doméstico".

"No norte de Itália - a área mais afetada - a imprensa aponta para um declínio marcado do turismo, ao passo que a organização industrial Confimprese disse que o volume de negócios dos retalhistas caiu 40% na primeira semana do surto", pode ler-se no comunicado hoje divulgado pela agência.

A empresa norte-americana destaca que "o primeiro alastramento [económico] aconteceu através da disrupção na China, particularmente através das cadeias de oferta das indústrias da UE, da procura final na China e das chegadas de turistas chineses".

"À medida que o vírus se foi espalhado dentro da UE, a relutância em viajar e as restrições às viagens estão a começar a afetar materialmente as economias onde o turismo é um contribuinte significativo para o PIB", assinala a Fitch.

Sobre a indústria, a agência refere que "o impacto das fábricas chinesas a operar abaixo da capacidade ainda está a emergir".

"Os fabricantes europeus estão menos expostos do que outros, mas os componentes eletrónicos chineses formam cerca de 25% a 30% das importações intermédias de eletrónica e a indústria automóvel europeia é vulnerável a disrupções nas cadeias de valor", prossegue a Fitch.

Um crescimento menor da China irá abrandar as exportações europeias para aquele país, e o abrandamento europeu desde meados de 2018, "sobretudo guiado por exportações mais fracas, acentuou a exposição do bloco a choques na procura externa".

A agência diz ainda que o corte das taxas de juro por parte da Reserva Federal norte-americana, em 50 pontos base, "pode motivar maior alívio por parte do BCE [Banco Central Europeu], possivelmente através de apoios dedicados à liquidez e facilidade no acesso ao crédito, apesar de cortes não poderem ser afastados".

"Os preços mais baixos das matérias primas são largamente positivos para a UE, como um importador líquido, e poderiam abrandar a pressão sobre os preços na Europa Central e de Leste, onde a inflação atingiu máximos de vários anos", considera, no entanto, a Fitch.

O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou cerca de 3.300 mortos e infetou mais de 95 mil pessoas em 79 países, incluindo nove em Portugal.

Das pessoas infetadas, mais de 50 mil recuperaram.

Além de 3.012 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas, San Marino, Iraque, Suíça e Espanha.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para "muito elevado".

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