"Num contexto internacional de grande exigência, com vários mercados de referência numa situação económica muito frágil, estamos a regressar paulatinamente aos mercados internacionais", afirma o presidente da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), citado num comunicado.
Salientando que "o 'cluster' português de calçado e artigos de pele exporta mais de 90% da sua produção, pelo que a presença em eventos internacionais no exterior se afigura como particularmente relevante", Luís Onofre considera que, "depois de dois anos de forte contenção, é tempo do setor de calçado estreitar novas oportunidades em 2025".
Mas alerta: "O ano que se avizinha não será fácil, com o abrandamento dos nossos principais mercados e situação política de instabilidade com dois cenários de guerra".
Para além da Micam e da Mipel, onde a comitiva portuguesa regista um reforço de 10% face à edição anterior, Portugal estará também representado em Milão, de terça a quinta-feira, na feira de componentes para calçado e curtumes Lineapelle, com uma delegação de 32 empresas (mais 6,7%).
No espaço de uma semana serão 75 as empresas portuguesas presentes em Milão por ocasião da Semana da Moda, numa iniciativa da APICCAPS em parceria com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e o apoio do programa Compete 2030.
A última edição da Micam Milano, Milano Fashion&Jewels, Mipel e The One Milano registou a presença de 40.950 visitantes profissionais, dos quais 45% provenientes de 140 países estrangeiros. A organização destaca a presença dos clientes europeus, em especial de Espanha, Alemanha e de França, e norte-americanos, com um crescimento de dois dígitos dos oriundos do Canadá e EUA.
Esta será a 99.ª edição da MICAM, subordinada ao tema "Game Changers".
Em 2024, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal exportou 68 milhões de pares de calçado para 170 países em todos os continentes, o que representa um crescimento de 3,9% em volume face a 2023, mas uma quebra de 5,4% em valor, para 1.724 milhões de euros.
Ainda assim, a APICCAPS destaca que este recuo compara com uma perda de 8,2% do maior concorrente da indústria portuguesa, a Itália, e uma quebra de 7% do maior produtor mundial de calçado, a China.
Segundo salienta, o 'cluster' do calçado e artigos de pele tem vindo a prosseguir uma estratégia de diversificação de investimentos e, depois de em 2024 mais 70 empresas terem integrado o projeto "Valorização da Oferta", num investimento total próximo dos três milhões de euros, um número semelhante deverá investir este ano na promoção das marcas nos mercados internacionais.
Em destaque estarão as áreas da assessoria de comunicação e publicidade, adesão a plataformas 'online', 'marketing' digital e produção de conteúdos fotográficos e multimédia, prosseguindo ainda os investimentos no registo de marcas e modelos e em 'websites' e lojas 'online'.
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