Para preparar o Conselho Europeu, por videoconferência, hoje à tarde, sobre as respostas a dar à situação causada pelo novo coronavírus, António Costa reuniu-se logo pela manhã com oito ministros das áreas relacionadas com a resposta ao surto da doença - Mário Centeno (Finanças), Siza Vieira (Economia), Eduardo Cabrita (Administração Interna), Marta Temido (Saúde), Tiago Brandão Rodrigues (Educação), Pedro Nuno Santos (Infraestruturas e Habitação) e Nelson de Souza (Planeamento), Augusto Santos Silva (Negócios Estrangeiros, através de telefone).
O chefe do executivo falou sobre a reunião de hoje à tarde e quais as áreas em que a UE deveria ter uma resposta coordenada, a começar pelas questões de prevenção e resposta ao novo vírus, como o equipamento de proteção e as restrições aos voos de e para a Itália, um dos países europeus mais afetados.
E, no plano económico, defendeu que o Conselho deveria "concentrar-se" em medidas "a adotar para evitar os danos económicos desta epidemia" e, dessa forma, evitar o risco de se acrescentar "à epidemia da doença uma epidemia económica".
"É essencial não agirmos tarde como em 2008 e agirmos com clareza para não termos hesitações como aconteceu na crise financeira de 2010/2011", advertiu.
Se o Eurogrupo, presidido por Mário Centeno, já "tomou algumas medidas", agora "é essencial estabilizar essas medidas", quer as que podem ser adotadas pelo Banco Central Europeu quer outras, como a possibilidade de "utilização de toda a margem relativamente à flexibilidade do Pacto de Estabilidade"
Além disso, poderão ser adotadas medidas de forma a que o "investimento público possa dar um contributo decisivo à estabilização da situação económica no espaço europeu e prevenir qualquer risco de recessão", acrescentou.
Ao nível da concorrência, António Costa afirmou que há medidas possíveis como "auxílios de Estado" a empresas que estão a sofrer os efeitos pelos do surto de Covid-19, como as transportadoras aéreas ou empresas de turismo.
Os países da União Europeia, afirmou, devem tentar atravessar esta "fase de transição" da epidemia "com o menor dano possível para a economia, o emprego e rendimentos das famílias".
A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.000 mortos.
Cerca de 114 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países, e mais de 63 mil recuperaram.
Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, com 463 mortos e mais de 9.100 contaminados pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.
A quarentena imposta pelo governo italiano ao Norte do País foi alargada a toda a Itália.
O Governo português decidiu suspender todos os voos com destino ou origem nas zonas mais afetadas em Itália, recomendando também a suspensão de eventos em espaços abertos com mais de 5.000 pessoas.
A China registou segunda-feira mais uma queda no número de novos casos de infeção, 19, face a 40 no dia anterior, somando agora um total de 80.754 infetados e 3.136 mortos, na China Continental.
Portugal regista 41 casos confirmados de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
A DGS comunicou também que em Portugal se atingiu um total de 375 casos suspeitos desde o início da epidemia, 83 dos quais ainda a aguardar resultados laboratoriais.
Face ao aumento de casos, o Governo ordenou a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte, até agora a mais afetada.
Foram também encerrados alguns estabelecimentos de ensino, sobretudo no Norte do País, assim como ginásios, bibliotecas, piscinas e cinemas.
Os residentes nos concelhos de Felgueiras e Lousada, no distrito do Porto, foram aconselhados a evitar deslocações desnecessárias.