Covid-19: Trabalhadores sazonais podem ser despedidos, admite AHRESP
A secretária-geral da AHRESP alertou hoje para que, perante o surto do novo coronavírus, as empresas poderão ter que despedir os trabalhadores com contratos sazonais ou de curta duração, sublinhando que muitas microempresas correm o risco de fechar.
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Economia Coronavírus
"É precisamente no início de março que as estruturas reforçam os seus quadros de pessoal. Alargaram os quadros e agora não têm procura que justifique. Agora têm que ver se conseguem fazer os pagamentos perante estes quadros. O que, eventualmente, irá acontecer é que terão de dispensar aqueles que são os mais sazonais e os que resultam de contratos mais curtos", afirmou a secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), Ana Jacinto, em entrevista à Lusa.
No entanto, esta responsável notou que a associação, até ao momento, não teve conhecimento de despedimentos, embora saiba que muitas empresas estão já a avaliar essa possibilidade.
Por sua vez, no que se refere ao encerramento de empresas, Ana Jacinto sublinhou que há esse risco associado, sobretudo, às de dimensão micro.
"É isso que não queremos e temos estado a alertar o Governo. [Desejávamos] que no verão pudéssemos estar todos de cabeça levantada e a trabalhar com a força [habitual]. Se assumirmos todos um maior sentido de responsabilidade [...] e respeitarmos à risca todas as medidas é mais fácil sairmos mais rapidamente desta situação", referiu.
Questionada sobre os prejuízos registados no setor até à data, em função da propagação da Covid-19, Ana Jacinto disse que "ainda é cedo" para avançar números.
Porém, garantiu que a associação está a monitorizar todas as quebras registadas.
Criada em 1896, a AHRESP é uma associação de defesa e representação do turismo, contando, atualmente, com 25 mil associados registados.
O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.
O número de infetados ultrapassou as 125 mil pessoas, com casos registados em cerca de 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 78 casos confirmados.
A Itália é o caso mais grave depois da China, com mais de 12.000 infetados e pelo menos 827 mortos, o que levou o Governo a decretar a quarentena em todo o país.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou hoje o número de infetados, que registou o maior aumento num dia (19), ao passar de 59 para 78, dos quais 69 estão internados.
A região Norte continua a ser a que regista o maior número de casos confirmados (44), seguida da Grande Lisboa (23) e das regiões Centro e do Algarve, ambas com cinco casos confirmados da doença.
O boletim divulgado hoje assinala também que há 133 casos a aguardar resultado laboratorial e 4.923 contactos em vigilância, mais 1.857 do que na quarta-feira.
No total, desde o início da epidemia, a DGS registou 637 casos suspeitos.
O Conselho Nacional de Saúde Pública recomendou na quarta-feira que só devem ser encerradas escolas públicas ou privadas por determinação das autoridades de saúde.
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, considerou que esta recomendação "faz sentido" e que o encerramento de escolas será feito de forma casuística "analisando o risco, caso a caso, situação a situação".
Várias universidades e outras escolas já decidiram suspender as atividades letivas.
As medidas já adotadas em Portugal para conter a pandemia incluem, entre outras, a suspensão das ligações aéreas com a Itália, a suspensão ou condicionamento de visitas a hospitais, lares e prisões, e a realização de jogos de futebol sem público.
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