"Estamos a poucos dias de acordar com a banca - para além das iniciativas que os vários bancos já têm vindo a anunciar - uma moratória, seja para as famílias com o crédito à habitação, seja para as empresas com créditos múltiplos, de forma a assegurar-lhes maior liquidez na tesouraria das empresas", declarou hoje António Costa na entrevista à TVI.
Na entrevista, o líder do executivo adiantou que a existência do crédito em negociação será extensível a quatro anos no máximo, tendo um ano de período de carência.
"Iremos utilizando todos os recursos que tivermos. O Estado não tem uma varinha mágica para resolver o problema de todos. Isto tem de ser um esforço conjunto, dos empresários, dos trabalhadores e do Estado", sustentou António Costa sobre as perspetivas da economia portuguesa nos próximos meses.
Confrontado com a possibilidade de as medidas a adotar pelo Governo se revelarem insuficientes, António Costa respondeu: "Não há boias que nos ajudem num tsunami".
"Um tsunami é um tsunami. E temos um tsunami pela frente. Portanto, não vale a pena estarmos a criar a ilusão às pessoas de que vamos passar este processo sem dor. Vai ter dor. E acho que esta é uma relação de franqueza que temos de ter todos uns com os outros. Não há medidas mágicas que evitem isso", defendeu.
Já sobre a possibilidade de Portugal ter em breve um milhão de desempregados, o primeiro-ministro considerou essencial evitar esse tipo de cenários.
"O recurso ao lay-off custará qualquer coisa ao Estado como mil milhões de euros por mês. A pior coisa que pode acontecer é haver um aumento do desemprego massivo", afirmou António Costa, justificando o recurso a este regime por parte do executivo.
De acordo com o primeiro-ministro, até a este momento, "os pedidos de autorização para despedimentos coletivos são ainda um número bastante limitado".
"E é fundamental que os empresários tenham a confiança necessária para perceberem que este não é o momento de fazerem despedimentos. Pelo contrário, este é o momento de se baterem pelas suas empresas e pelos seus trabalhadores, fazerem um sacrifício muito grande", sustentou.
Nos próximos três meses, segundo o primeiro-ministro, "é preciso fazer mesmo um esforço todos em conjunto para sustentar o mais possível as empresas, o emprego e os rendimentos de forma ao país não afundar".
"Toda a gente diz: O país tem de parar. Não, o país tem de continuar. O país não pode parar. É este equilíbrio que nós temos de manter", acrescentou.