Covid-19: Economias melhor preparadas "recuperarão mais rápido"

O presidente executivo (CEO) do Haitong Bank, Wu Min, disse em entrevista por escrito à Lusa que "as economias mais bem preparadas tenderão a recuperar mais rapidamente" da crise provocada pela pandemia de covid-19, admitindo "desafios" ao seu plano estratégico.

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Lusa
24/03/2020 14:23 ‧ 24/03/2020 por Lusa

Economia

CEO Haitong

Em entrevista à Lusa, Wu Min referiu que "nenhuma economia ficará incólume a esta situação", e que "a diferença será visível apenas quando se iniciar a recuperação, em que as economias mais bem preparadas tenderão a recuperar mais rapidamente".

"Não temos exemplos na História recente e em escala global de tamanha limitação à atividade económica em que a mobilidade das pessoas seja reduzida, as cadeias produtivas sofram tantas ruturas e a redução da liquidez nos mercados de crédito seja tão significativa, estando o comércio mundial já debilitado pelas guerras comerciais e pelas barreiras sanitárias", disse à Lusa Wu Min.

Segundo o presidente do Haitong, "o facto de a China ser uma das economias mundiais mais dinâmicas e de se encontrar num estado mais avançado na sua recuperação e controlo da pandemia" deixa "a esperança de que a sua recuperação seja também bastante forte e possa refletir-se de forma positiva na economia global".

Wu Min considerou ainda não ser razoável, para já, "tentar estimar a dimensão de uma contração nos mercados mundiais", mas admitiu que num primeiro momento a "volatilidade permaneça elevada enquanto os países estiverem a sofrer com o avanço da pandemia, e até ao seu pico".

"Enquanto prevalecer a incerteza, os riscos permanecem muito altos", reconheceu o líder do Haitong, que já tomou a decisão de "reduzir a exposição a 'equities' e 'trading' de forma generalizada", na sequência da crise.

Wu Min recusou ainda comparar a crise atual com a de 2008, já que a contração de então "foi financeira", e a atual causada pela pandemia.

"Não sabemos ainda o quanto esta crise será pior ou não que a de 2008. Contudo, acredito que haverá meios para superarmos a pandemia e, uma vez chegados a uma nova normalidade, assistirmos a uma rápida recuperação das economias nacional e global", concluiu.

Devido à crise, o presidente do banco que sucedeu ao antigo BES Investimento considerou "inevitável" haver perturbações à atividade, prevendo "desafios importantes" ao plano estratégico da instituição.

De acordo com Wu Min, os planos do Haitong para 2020 "poderão ficar temporariamente adiados", admitindo que "depois do trabalho desenvolvido nos últimos anos", o banco está "agora numa posição mais confortável não só em termos de capital e liquidez", mas também em relação ao "modelo de negócio".

"É importante não esquecer que estes tempos permitem também criar cenários de oportunidade para as instituições solidamente capitalizadas, com liquidez e com forte suporte de um grupo como o Haitong", salientou o presidente do banco.

Numa referência aos resultados de 2019 do banco, Wu Min referiu terem sido o "culminar do trabalho desenvolvido ao longo dos últimos dois, três anos", em que foi feita "uma profunda reconstrução do banco, tarefa que envolveu uma nova estratégia e modelo de negócio".

O Haitong Bank registou lucros de 7,5 milhões de euros em 2019, valor penalizado por custos extraordinários e que compara com um resultado de 1,1 milhões de euros no período homólogo de 2018.

Wu Min admitiu que a atual crise "levou à necessidade de reforçar dramaticamente o recurso ao teletrabalho" no Haitong, o que "vem ajudar a perceber os constrangimentos atuais das instituições financeiras relativamente à digitalização, mas também o quanto já é possível manter as operações do banco sem o contacto físico".

O Haitong classifica como os seus três principais vetores os "negócios locais históricos na Ibéria, Brasil, Polónia e Reino Unido", "o ângulo chinês" e ainda "as operações cross-border [transfronteiriças] entre estas regiões e a China".

"O Haitong Bank está a demonstrar que é possível ser um banco de investimento bem-sucedido sediado em Portugal, tirando partido do talento existente no país e da conectividade a um negócio multinacional", considerou.

Para Wu Min, o investimento chinês em Portugal "veio diversificar as fontes de investimento estrangeiro" no país, "reduzindo assim potenciais vulnerabilidades e dependências face aos países investidores tradicionais", bem como "contribuíram para que se mantivessem centros de decisão em Portugal".

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