Segundo revelou a administração desse semanário do distrito de Aveiro, a decisão manter-se-á "durante o tempo que durar esta crise provocada pelo novo coronavírus".
"Tínhamos esperança de conseguir aguentar pelo menos mais uma semana. Assim não foi. A quebra na publicidade era expectável, mas que atingisse a totalidade, abrangendo acordos já celebrados, surpreendeu-nos", admitiu Jorge Andrade, administrador da publicação lançada em 1897.
Com uma equipa fixa que, segundo a própria ficha técnica do jornal, não chega a 10 pessoas, a situação foi agravada pela "impossibilidade" de cobrar as anuidades das assinaturas.
O administrador do Correio da Feira defendeu, contudo, que "não é tempo de lamúrias".
"Tudo estamos a fazer para que o Correio da Feira se adapte às circunstâncias de forma a sobreviver, continuando a informar os feirenses e deixando para o futuro o registo destes dias negros e tão incertos, não de um concelho nem de um país, mas da humanidade".
A equipa de jornalistas da casa continuará, ainda assim, a garantir pela Internet algum noticiário local, "com os meios que tem ao seu dispor, algumas vezes limitados pelas circunstâncias", e será agora "exclusivamente por essa via" que nos tempos mais próximos o jornal difundirá informação.
Os assinantes que já não disponham das respetivas senhas de acesso à página de Internet do semanário poderão solicitar o reenvio dessas 'passwords' por telefone ou email, sendo que a responsável pelo secretariado, "enquanto for possível, irá manter o seu lugar" na redação física do jornal.
O novo coronavírus responsável pela pandemia de covid-19 foi detetado em dezembro na China e já infetou mais de 400.000 pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 18.000 morreram.
O continente europeu é atualmente o que regista maior número de novos casos, sendo Itália o país com mais vítimas mortais em todo o mundo. Contabiliza 6.820 mortos em 69.176 diagnósticos positivos e, desses infetados, mais de 7.000 já foram dados como curados pelas autoridades.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde indicou na terça-feira que o surto da covid-19 já provocou 33 mortes e 2.362 infetados. Nesse universo de doentes, 203 estão internados, 48 dos quais em cuidados intensivos. Há ainda 22 cidadãos que já recuperaram da doença.
Dada a evolução da pandemia, a 17 de março o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar, que, segundo fonte dos bombeiros locais, contabilizava esta manhã 101 infetados e dois óbitos entre cerca de 55.400 habitantes. Desde as 00:00 do dia 19, todo o país se encontra em estado de emergência, o que vigorará até às 23:59 do dia 02 de abril.