Calçado convicto que "vai arranjar soluções" para continuar competitivo

A ameaça de imposição de novas taxas alfandegárias pelos EUA está causar alguma incerteza e apreensão nas empresas portuguesas de calçado, mas a convicção é que o setor "vai arranjar soluções" para se manter competitivo naquele mercado.

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Lusa
23/02/2025 15:50 ‧ há 4 horas por Lusa

Economia

Calçado

"[O mercado norte-americano] interessa-nos sempre. Vai depender um bocadinho do retalho lá e de qual vai ser a dificuldade, mas acredito que a situação vai ser geral para todos e as marcas vão continuar, na verdade, todas a competir sob preços idênticos", afirmou o presidente executivo (CEO) da Procalçado.

 

Em declarações aos jornalistas em Milão, onde a empresa de Vila Nova de Gaia integra a comitiva portuguesa presente na feira internacional de calçado Micam, José Pinto destacou que os Estados Unidos são "um mercado importante" para a Lemon Jelly, marca própria que a Procalçado exporta para aquele país desde 2016.

"É um mercado que temos vindo a desenvolver. Tem tido altos e baixos, mas neste momento está estável. Não estamos ainda a sentir o efeito deste novo governo, mas como também temos ligação com o Canadá, vamos ver agora nos próximos tempos o que é que as taxas podem trazer", afirmou o empresário.

Apesar da atual incerteza quanto aos próximos passos da nova administração de Donald Trump, José Pinto está seguro de que a empresa continuará a ter "produto competitivo para continuar a trabalhar" e "a ter relevância" naquele mercado, que está entre os cinco maiores destinos de exportação da Lemon Jelly.

Nesta 99.ª edição da Micam, a marca tem em destaque um novo produto: uma carteira de senhora fabricada em BioCir®Flex, um termoplástico de origem biológica, que garante ser a primeira do mundo "totalmente compostável e reciclável".

Presente nos Estados Unidos desde 2018, a marca "As Portuguesas" - resultado de uma parceria entre os grupos Kyaia e Amorim -- encara com preocupação, "mas sem medo", um eventual aumento das taxas alfandegárias naquele mercado, que é o seu principal destino de exportação, com um peso de "quase 30%" nas vendas.

"Não vamos parar de exportar para lá. Vamos arranjar soluções junto dos nossos parceiros, certamente vai haver formas de colocarmos lá os nossos produtos", disse o fundador e CEO da marca, também presente nesta edição da Micam.

Embora admita ter sentido algum "nervosismo" dos clientes nas feiras em que a marca participou este ano em Atlanta e Nova Iorque, Pedro Abrantes garante não ser intenção d' "As Portuguesas" dar "passos atrás" nos EUA.

Apesar da atual incerteza, o diretor comercial da Kyaia diz que as vendas da empresa de Guimarães para os EUA "continuam estáveis", representando 18% das suas exportações, o que faz deste o seu segundo principal mercado, depois do Reino Unido.

Paulo Monteiro admite que um eventual agravamento das taxas alfandegárias é motivo de preocupação, mas diz que é "principalmente a indecisão" que pode vir a prejudicar o negócio.

Em declarações aos jornalistas à margem da visita à comitiva portuguesa na Micam, o diretor de comunicação da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) reiterou que os EUA são "um mercado absolutamente estratégico" para o setor e que "não vai desistir" da aposta feita naquele destino de exportação.

"Pelo contrário, estamos a reforçar a nossa presença no mercado norte-americano", enfatizou Paulo Gonçalves, salientando que as exportações do setor para os EUA "praticamente duplicaram na última década", tendo crescido 25% nos últimos três anos e totalizado dois milhões de pares e 94 milhões de euros em 2024.

O diretor de comunicação da APICCAPS ressalva que estão ainda "vários cenários em aberto", nomeadamente "se as empresas europeias vão ser taxadas num determinado montante e as empresas chinesas, por exemplo, noutro", e nota que, "se as tarifas forem iguais para todos, no limite quem vai ser penalizado vai ser o consumidor norte-americano".

"Há vários cenários em equação e, nesta fase, temos de esperar para ver, o que nunca é um bom presságio nos negócios. Gostaríamos que este processo negocial (se é que é de um processo negocial estamos a falar) seja resolvido tão cedo quanto possível", referiu.

Lembrando que o mais recente plano estratégico traçado pela APICCAPS elegeu como prioritárias 145 cidades, das quais "dois terços estão na Europa ou nos EUA", o responsável associativo afirma que o setor está atualmente "mais preocupado com o modesto desempenho económico dos principais mercados europeus do que, propriamente, com o mercado norte-americano".

"Por isso é que temos insistido para ter mais empresas a participar em iniciativas promocionais no exterior e estamos a investir noutros mercados que não eram tradicionais para nós, como é o caso da Coreia do Sul e, este ano, das abordagens que vamos fazer aos países árabes e ao Japão. Estamos à procura de novas janelas de oportunidade onde o calçado português possa continuar a crescer", enfatizou.

A indústria portuguesa do calçado exporta mais de 90% da sua produção para 170 países, sendo a Alemanha, França, Países Baixos, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos os seis principais mercados do setor.

*** A agência Lusa viajou a convite da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) ***

Leia Também: Consumo de calçado deverá crescer 8,4% este ano, mas estagnar na Europa

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