O Banco de Portugal (BdP) atualizou, esta quinta-feira, as projeções para a economia portuguesa e o impacto do novo coronavírus é já evidente. Anteriormente, o supervisor estimava um crescimento de 1,7% este ano, mas agora os dois cenários do BdP apontam para uma contração da economia, com o choque a atingir o pico no 2.º trimestre.
"Ambos os cenários contemplam uma recessão da economia portuguesa em 2020. O choque deverá atingir o seu pico no segundo trimestre deste ano, prevendo-se uma normalização gradual a partir do segundo semestre. O impacto da crise pandémica tem uma natureza muito persistente, associada à destruição de capacidade produtiva instalada, não se observando um retorno do nível do PIB à trajetória projetada no boletim de dezembro de 2019", refere o BdP.
"As perspetivas para a economia portuguesa deterioraram-se abrupta e significativamente em resultado do impacto da pandemia Covid-19. A pandemia corresponde a um choque económico adverso com efeitos muito significativos e potencialmente prolongados no tempo em termos do bem-estar dos cidadãos e da atividade das empresas", sublinha o supervisor.
Posto isto, o BdP trabalha com base em dois cenários: o primeiro no qual o impacto da Covid-19 é "limitado" (cenário base) e o segundo no qual o impacto da pandemia é "mais significativo" (cenário adverso). Eis as projeções:
- Cenário base: Quebra de 3,7% no PIB
"No cenário base, estima-se uma redução de 3,7% do PIB real em 2020. Assume-se que o impacto económico da pandemia é relativamente limitado, o que decorre, em parte, da hipótese de que as medidas adotadas pelas autoridades económicas são bem-sucedidas na contenção dos danos sobre a economia. A economia portuguesa apresenta um crescimento ainda fraco em 2021 (0,7%), recuperando mais notoriamente em 2022 (3,1%)", estima o BdP.
Neste cenário, ao nível do mercado de trabalho, projeta-se uma queda do emprego de 3,5% e uma subida da taxa de desemprego para 10,1% em 2020. Nos anos seguintes, a taxa de desemprego reduz-se gradualmente, para 9,5% e 8,0%, respetivamente, em 2021 e 2022.
- Cenário adverso: Quebra de 5,7% no PIB
"No cenário adverso, assume-se que o impacto económico da pandemia é mais significativo devido à paralisação mais prolongada da atividade económica em vários países, conduzindo a maior destruição de capital e perda de emprego. Este cenário considera também uma maior incerteza e níveis de turbulência mais significativos nos mercados financeiros. Nestas condições, a economia portuguesa regista uma recessão mais profunda, com o PIB a reduzir-se 5,7% em 2020. Nos anos seguintes, a atividade económica recupera, prevendo-se um crescimento de 1,4% em 2021 e de 3,4% em 2022", projeta o BdP.
Neste cenário, a taxa de desemprego aumenta para 11,7% em 2020 e apesar da redução esperada nos anos seguintes mantém-se em níveis superiores aos do cenário base (10,7% e 8,3%, respetivamente, em 2021 e 2022).
[Notícia atualizada às 13h20]