"Não me parece que atitudes locais, pseudo-locais e regionais possam combater-se se não for feita uma escala global", declarou o presidente da Associação dos Comerciantes do Porto a propósito da eventual declaração de um cerco sanitário ao Porto.
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, anunciou hoje, durante uma conferência de imprensa em Lisboa, que estava a ser equacionada a medida de avançar com um cerco sanitário do Porto entre as autoridades de saúde regionais, as autoridades de saúde nacionais e o Ministério da Saúde e que, provavelmente, seria hoje tomada uma "decisão nesse sentido".
Joe Azevedo refere que não faz "qualquer sentido limitar uma cidade", mas deve-se sim controlar o "país inteiro".
"Isto tem que ser feito a uma escala global e a uma escala coletiva. Não nos interessa ter o Porto com menos casos e a Maia, Vila Nova de Gaia ou Matosinhos com mais casos. (...) Julgo que o Comando da Proteção Civil Distrital está analisar o que é que deve fazer em cada um dos momentos da pandemia. Assim como em articulação com as autoridades nacionais. Só assim conseguimos resultados efetivos. Não nos basta limitar e controlar uma cidade, controlar uma freguesia ou controlar só uma casa".
Na conferência de imprensa diária para fazer o ponto da situação da pandemia de covid-19 em Portugal, Graça Freitas assegurou a articulação entre as autoridades de saúde e as autoridades municipais, desde logo com a Câmara Municipal, com a Segurança Social e com a Comissão Municipal de Proteção Civil.
A Câmara do Porto já revelou hoje que não aceita o cerco sanitário, classificando-o de "absurdo" e "inútil", enquanto o presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho, avisou que um cerco sanitário ao Porto iria promover a "paralisação geral da região".
Dados da Direção-Geral de Saúde (DGS) divulgados hoje, e que se referem a 75% dos casos confirmados, precisam que o Porto é o concelho que regista o maior número de casos de infeção pelo coronavírus SARSCov2 (941), seguida de Lisboa (633 casos), Vila Nova de Gaia (344), Maia (313, Matosinhos (295), Gondomar (276) e Ovar (241).
Os dados da DGS revelados no domingo, atualizados até às 24:00 de sábado e também referentes a 75% dos casos confirmados, indicavam que Lisboa era a cidade que registava o maior número de casos de infeção pelo coronavírus SARSCov2 (594), seguida do Porto (317 casos), Vila Nova de Gaia (351), Maia (296), Matosinhos (294), Gondomar (242) e Braga (208).
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 727 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 35 mil.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 140 mortes, mais 21 do que na véspera (+17,6%), e 6.408 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 446 em relação a domingo (+7,5%).