O pacote de medidas de apoio às empresas que a Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) apresentou hoje ao Governo resultaram de uma consulta aos empresários realizada pelo gabinete de crise criado pela associação para combater a pandemia.
"A tesouraria das empresas pode ser reforçada através de um programa de compra de dívida a fornecedores, destinado a setores estratégicos", defende a ANJE num comunicado enviado hoje.
Ao abrigo do programa de compra de dívida, as empresas com faturas não liquidadas "apresentavam-nas às finanças e o Estado adiantava o valor em dívida uma semana ou 15 dias após vencimento da fatura, para evitar a quebra da cadeia de pagamentos e depois o Estado cobraria a dívida à empresa incumpridora", explicam no comuunicado.
Outra das medidas para "acudir à quebra de liquidez das empresas resultante da paralisia da atividade económica é destinada àquelas empresas que não recorram ao 'lay-off', mas que possam beneficiar dum subsídio direto de três IAS (Indexante dos Apoios Sociais) por colaborador, desde que essas empresas registem quebras de faturação iguais ou superiores a 20% e se comprometam a não efetuar despedimentos até ao final do ano".
A ANJE sugere também que se faça uma "reformulação do Programa Vistos Gold, ou seja uma Autorização de Residência para Atividade de Investimento.
"A ideia é tornar o programa mais atrativo para investidores estrangeiros no atual contexto de estagnação económica", explica a ANJE.
"Os apoios públicos às empresas afetadas pela pandemia de covid-19 são muito importantes, mas necessitam de ser agilizados e complementados", observou o presidente da ANJE, Alexandre Meireles.
Para Alexandre Meireles é "fundamental garantir a sobrevivência das empresas sem deixar, em simultâneo, de preparar a recuperação económica após a crise pandémica".
"Vai ser necessário um grande esforço nacional e europeu de dinamização da economia, pelo que nos parece pertinente criar, já hoje, as bases para a retoma do investimento", acrescentou o mesmo responsável.
No pacote de medidas que a ANJE enviou hoje ao Governo é também proposto um apoio extraordinário às empresas em incubação em 'hubs' da Rede Nacional de Incubadoras.
A medida consiste em isentar essas empresas do pagamento do serviço de incubação, ou seja, de renda do espaço durante três meses.
A criação de incentivos fiscais, ou de outra natureza, ao investimento em 'startups', para que as sociedades de capital de risco e 'business angels' não deixem de investir nesta fase pandémica é outra sugestão.
"Com esse propósito, devem ser abertas rondas de financiamento apoiadas pela Instituição Financeira de Desenvolvimento e criado um modelo de 'factoring' garantido pelo Estado para empresas com menos de cinco anos, até uma determinada percentagem da respetiva faturação".
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil.
Dos casos de infeção, cerca de 260 mil são considerados curados.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).