"As atualizações salariais já começaram a ser processadas em abril, no entanto, esse pagamento dependerá da capacidade dos serviços e do momento em que estes processam os respetivos salários", afirmou fonte oficial do Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública.
"Em todo o caso, os aumentos serão retroativos a janeiro de 2020", acrescentou a mesma fonte.
O decreto-lei que atualiza os salários da administração pública em 2020 foi publicado em 20 de março em Diário da República e prevê aumentos de 0,3% para a generalidade dos trabalhadores e de 10 euros nos salários inferiores a 700 euros, com retroativos a 01 de janeiro.
Nos níveis mais baixos, as bases remuneratórias passam de 635,07 euros para 645,07 euros e de 683,13 euros para 693,13 euros, correspondente a um aumento de 1,5% que chegará a cerca de 150 mil dos mais de 600 mil trabalhadores da administração pública.
Já os aumentos de 0,3% acima dos 700 euros resultam em subidas entre dois a três euros brutos para remunerações até ligeiramente acima de 1.000 euros ilíquidos (sem descontos).
Apenas a partir do 25.º nível remuneratório da tabela salarial, correspondente a 1.716,4 euros ilíquidos, o aumento é superior a 5 euros brutos.
Os aumentos aplicam-se "com as devidas adaptações, aos trabalhadores que exercem funções nas empresas públicas do setor público empresarial (...) que não sejam abrangidos por instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho em vigor", pode ler-se no decreto-lei.
Segundo o Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública, o impacto orçamental que decorre das valorizações salariais em 2020 é de 95 milhões de euros.
Desde 2009 que não havia aumentos generalizados na função pública. Em 2019 apenas a remuneração mínima de base foi atualizada para os 635 euros.
Em fevereiro, a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, disse à RTP que, durante a atual legislatura, todos os funcionários públicos iriam ter aumentos salariais anuais em linha com a inflação verificada em dezembro do ano anterior.
"Haverá sempre um aumento em linha com a inflação verificada em dezembro para todos os anos e para todos os trabalhadores", disse Alexandra Leitão.
O Governo já tinha anunciado também que, em 2021, o aumento seria de pelo menos 1%, mesmo que a inflação fosse inferior.
Porém, perante a crise económica causada pela pandemia da covid-19, o executivo não se compromete agora com aumentos na função pública para o próximo ano.