Numa declaração hoje divulgada à imprensa em Bruxelas e dirigida aos chefes de Governo e de Estado da UE, que se reúnem na quinta-feira para debater a resposta à crise gerada pela covid-19 e a posterior recuperação económica, 23 CEO e representantes de federações industriais europeias vincam que, "mais do que nunca, é necessária uma Europa forte, onde os seus governos, empresas e cidadãos demonstram a sua solidariedade".
"Aqui, os governos europeus devem estar na vanguarda, mostrando solidariedade entre si, garantindo que todos os Estados-membros tenham acesso ao mercado aos fundos necessários para a sua recuperação e também assegurando que os seus cidadãos compreendem o valor acrescentado que o nosso projeto europeu comum traz nestes tempos sem precedentes e difíceis", exortam os responsáveis.
Na quinta-feira, os chefes de Estado e de Governo da União Europeia voltam a celebrar uma cimeira por videoconferência, devendo pronunciar-se sobre o pacote de 500 mil milhões de euros acordado pelo Eurogrupo, mas também sobre o plano de recuperação da economia europeia, cujos contornos continuam em aberto, tendo os ministros das Finanças passado esse 'dossiê' aos líderes.
A grande questão passa pelo financiamento deste plano de recuperação. Defendida por muitos, sobretudo no sul da Europa, a ideia de emissão de títulos de dívida conjunta -- 'eurobonds', chamados atualmente de 'coronabonds' por visarem a crise provocada pela pandemia -- continua a conhecer forte resistência por parte dos países que sempre se opuseram à mutualização da dívida, com a Holanda e Alemanha à cabeça.
O Governo português já defendeu que o plano de recuperação da economia europeia deve ser parte do orçamento europeu, financiado por um empréstimo a contrair pela UE e distribuído pelos Estados-membros sob a forma de subvenções.
Na declaração hoje divulgada, os 23 empresários e representantes do setor industrial instam ainda os líderes europeus a "fazerem tudo o que estiver ao seu alcance para garantir que o mercado interno funciona no terreno sem demora", isto numa altura em que se verificam alguns constrangimentos no transporte de bens essenciais e no fluxo de serviços através das fronteiras -- como serviços médicos, farmacêuticos, alimentares e energéticos --, dada as medidas restritivas adotadas pelos governos nacionais para tentar conter o surto.
"Para superar os extraordinários desafios que a pandemia de covid-19 traz, a UE tem de mostrar que é mais do que a soma dos seus membros", adiantam estes responsáveis, notando que, "após a crise [sanitária], só as soluções europeias podem funcionar, colocando o mercado único como o instrumento central".
Esta declaração é assinada por empresários como Maurici Lucena Betriu (do grupo espanhol de aeroportos AENA), Ilham Kadri (da empresa química Solvay), Silviu Popovici (responsável na Europa pela PepsiCo), Jean-Christophe Tellier (da farmacêutica UCB), Lou Rivieccio (da UPS Europe) e Michael Manley (da Fiat Chrysler Automobiles e representante da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis), entre outros responsáveis de setores como a alimentação e bebidas, indústria transformadora, gestão aeroportuária, fabrico automóvel, comércio eletrónico, telecomunicações e tecnologia.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 174 mil mortos e infetou mais de 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios, sendo o continente europeu o mais afetado.