"O investimento público pode ter um papel determinante, não só na travagem de uma cada vez mais certa recessão", mas também na "dinamização da atividade económica", defendeu o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, que falava numa audição da Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Inovação, na Assembleia da República, em Lisboa.
O governante sublinhou que, durante o estado de emergência, o setor da construção civil nunca parou a sua atividade nem houve qualquer obra pública cancelada, apesar de alguns atrasos.
"O setor das obras públicas é fundamental para que a construção civil possa continuar a trabalhar", reiterou o ministro, lembrando que a Infraestruturas de Portugal (IP) tem já programados cerca de 427 milhões de euros de investimento para 2020.
"Nós já estamos numa fase em que ultrapassámos toda a fase de projetos, de estudos prévios, temos o Ferrovia 2020 já praticamente todo em empreitada, falta uma parte, mas que entrará também em empreitada até ao final do ano", acrescentou.
Lamentando a escassez de projetos de investimento público em reserva, Pedro Nuno Santos adiantou, no entanto, que o seu ministério já pediu autorização para lançar várias empreitadas que estão "na gaveta" até ao final do ano e que é também intenção do Governo antecipar parte do Programa Nacional de Investimentos (PNI) 2030.
"Espero que consigamos avançar o mais depressa possível, porque é evidente que estamos na presença de uma crise económica profunda e, na minha opinião, com efeitos duradouros. [...] Os Estados têm de ser resolutos", considerou o ministro com a pasta das Infraestruturas.
Questionado sobre o levantamento do estado de emergência e o aumento esperado da procura pelos transportes públicos, Pedro Nuno Santos não quis adiantar o conjunto de medidas que o Governo irá adotar, porque têm ainda de ser discutidas em reunião do Conselho de Ministros, na quinta-feira, mas garantiu que o Governo tem estado a trabalhar com os autarcas e as empresas, neste caso, a CP, para "dar resposta a um desafio, que é o regresso à vida ativa".
Portugal contabiliza 948 mortos associados à covid-19 em 24.322 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
O "Grande Confinamento" levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.
Para Portugal, o FMI prevê uma recessão de 8% e uma taxa de desemprego de 13,9% em 2020.