O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, anunciou, na noite desta quarta-feira, em entrevista à SIC Notícias, que os bares, discotecas e ginásios vão manter-se fechados durante o mês de maio.
De acordo com o governante, a retoma da atividade económica será feita de forma gradual, sempre tendo em conta a evolução da pandemia.
"Ao fim de uma quinzena poderemos avaliar se este levantamento gradual das restrições determinou ou não um aumento descontrolado do nível de propagação da pandemia. Se, de facto, formos tão disciplinados na circulação pública como temos sido no confinamento, se conseguirmos assimiliar novos hábitos, conseguiremos então verificar se isso foi suficiente" para manter a epidemia sob controlo. Em caso afirmativo, avança-se para a fase seguinte", explicou, adiantando, que o Governo não vai levantar todas as restrições no próximo mês.
"Não vamos levantar todas as restrições no mês de maio [...]. Vão continuar encerrados equipamentos como bares, discotecas, ginásios, um conjunto de equipamentos e eventos onde o convívio e a intensidade de contactos seja maior", acrescentou o governante que assume a pasta da economia.
Sobre o plano do Governo para a retoma da atividade Siza Vieira sublinhou que “vamos começar a testar este mês a nova forma de circular, comprar e trabalhar, mas isso tem de ser feito com muita cautela”.
Segundo o ministro, as associações com quem o Governo tem contactado “vão assegurar a proteção dos trabalhadores e dos clientes”.
“O que tenho visto é um imenso cuidado, não só em adotar regras muito restritas de proteção dos trabalhadores, como também dos consumidores", disse.
Abertura por zonas geográficas? "Não estamos a contemplar isso"
Ao ser questionado sobre a possibilidade de abrir estes serviços em zonas geográficas menos afetadas pelo novo coronavírus, Siza Vieira garantiu que o Governo não está a ponderar isso.
“Não estamos a contemplar isso. Não nos parece que seja o adequado. O mais adequado é avaliarmos em cada momento por setores e, por isso, vamos começar com atividades que não são por si só suscetíveis de gerar um grande movimento e uma grande circulação de pessoas”, esclareceu.
Máscaras gratuitas nas escolas
Sobre as máscaras, o ministro da Economia revelou que o Governo vai assegurar “o fornecimento de máscaras” em larga escala nas escolas e de forma gratuita. “Para os funcionários, pessoal docente e alunos. Toda a comunidade escolar. Esse é um compromisso que temos”, disse, acrescentando que “aquilo que precisamos é que o mercado seja suficientemente abastecido de máscaras e outros equipamentos, como gel desinfetante, em quantidade suficiente para esta nova normalidade".
Ainda sobre este assunto, o governante recordou que "temos a segurança de que já temos muitas empresas portuguesas a produzir em escala cada vez maior este tipo de equipamento, com níveis de certificação muito elevados”.
Novas linhas de crédito: Pedidos aprovados já "usaram" 53% dos 6,2 mil milhões
Siza Vieira anunciou ainda, na noite desta quarta-feira, que os bancos fizeram, até ao dia de hoje, 43.830 operações de crédito no âmbito das novas linhas de apoio à tesouraria criadas pelo Estado devido à pandemia de Covid-19.
“São 43.830 empresas que pediram crédito ao abrigo destas novas linhas de crédito de 6,2 mil milhões de euros, lançadas há umas semanas. É a contabilidade ao dia de hoje”, revelou, acrescentando logo de seguida que "na verdade foram mais, porque muitos empresários foram pedir crédito a mais do que um banco. E portanto, seguiram duplicados pedidos de crédito”.
Este número, de acordo com o ministro, “excede largamente as linhas de crédito que tinham sido criadas. O somatório total dos pedidos de crédito que já deram entrada é de 9,3 mil milhões”.
Já a média de tempo de aprovação dos pedidos, segundo Siza Vieira, “foi de três dias”.
Confrontado pelo jornalista José Gomes Ferreira com situações de empresários que possam estar a pedir linhas de crédito sem estarem realmente em dificuldades, Siza Vieira sublinhou que “o problema” é que “há muita gente que gostaria de ter tido acesso a crédito e eventualmente não o recebeu”, revelando mesmo que falou com alguns empresários com "histórias trágicas".
"Falei com muitos empresário, alguns com histórias trágicas, porque dizem que não tiveram acesso ao crédito porque tiveram episódios de incumprimento perante o banco, ou porque se atrasaram nas prestações à Segurança Social, ou porque tinham situação líquida negativa”, contou.
Questionado sobre se pondera uma revisão do montante das linhas, Siza Vieira disse que as ajudas “têm de ser repensadas" mas não quis comprometer-se. "Precisamos de repensar o que vamos fazer”, concluiu.