Será no âmbito de "orientações estratégicas do pacote Turismo e Transportes", que a vice-presidente do executivo comunitário com a pasta de "Uma Europa Preparada para a Era Digital", Margrethe Vestager, e o comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, apresentam hoje, após a reunião do colégio, as recomendações de Bruxelas para a reabertura das fronteiras internas da UE, pensando na retoma destes que são dois dos mais afetados setores pelo impacto da pandemia, com perdas que ascendem aos milhares de milhões de euros.
Com as fronteiras externas e internas da UE praticamente fechadas devido às medidas restritivas adotadas para conter a propagação da covid-19, é ainda incerto quando é que os países levantarão as restrições às viagens, nomeadamente aéreas, o que acaba por criar também incerteza sobre a retoma do turismo.
Certo é que esta é uma decisão nacional, pelo que o executivo comunitário pretende com estas orientações "uma abordagem coordenada a nível europeu", disse a comissária europeia dos Transportes, Adina Valean, numa entrevista à Lusa publicada no início do mês.
Questionada pela Lusa sobre quando é que os voos ou outro tipo de viagens (como de autocarro ou comboio) entre países europeus poderão ser restabelecidos, Adina Valean notou ser impossível apontar datas, por isso estar dependente da evolução da pandemia
"Seria também ótimo que todos decidissem recomeçar [as viagens] na mesma altura, mas isso é impossível por causa da situação sanitária, que é diferente de Estado-membro para Estado-membro", notou a responsável romena.
Nesta decisão deverão pesar, então, critérios como a necessidade de a taxa de contágio ser abaixo de um, de o país ter capacidade assegurada no seu sistema de saúde e de testes e de conseguir monitorizar os casos positivos, adiantou Adina Valean à Lusa na altura.
Isso afeta também a retoma do turismo, dado que isso dependerá igualmente das "condições sanitárias" em cada país, segundo a comissária europeia dos Transportes.
"O que podemos recomendar é que, quando se restabelecerem as viagens" sejam considerados aspetos como a "não discriminação com base na nacionalidade, isto é, assegurando que quem quiser viajar para um determinado destino consegue fazê-lo, do ponto A para o ponto B", precisou a responsável.
E numa tentativa de mitigar o risco, Adina Valean defendeu que os passageiros devem utilizar equipamentos de proteção como máscaras, sendo "o mínimo" que podem fazer para se proteger, e aconselhou ainda a "alguma distância" nos transportes, embora admita que isso não seja possível em voos.
Já numa entrevista publicada na terça-feira, o especialista principal do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) para resposta e operações de emergência, Sergio Brusin, recomendou aos países que sejam "cautelosos" e "vigiem" o levantamento das medidas restritivas.
"Com alguma cautela, é possível recomeçar, mas também é necessário entender que esta não será uma temporada normal de turismo ou de viagens, será uma temporada com uma lenta reabertura da economia", adiantou Sergio Brusin, do ECDC, à Lusa.