Sindicato quer os 'call center' em regime de teletrabalho até setembro
O Sindicato dos Trabalhadores de 'Call Center' (STCC) defendeu hoje a obrigatoriedade do teletrabalho no setor até setembro, por receio de "novos focos de contágio" pelo novo coronavírus, num comunicado a que a Lusa teve acesso.
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Economia STCC
O STCC alega que o possível regresso ao trabalho presencial em junho e em julho é uma "irresponsabilidade enorme", capaz de originar a "proliferação da pandemia", e pediu ao Governo que "não ceda" à "pressão das multinacionais que dominam o setor, sempre no espírito do 'quero, posso e mando'".
"Instamos a que o Governo e a Assembleia da República legislem no sentido de prolongar a obrigatoriedade do teletrabalho no setor dos 'call center' até setembro, altura em que deverá ser reavaliada a situação, antes de se tomar qualquer decisão de regresso aos locais de trabalho", pede o sindicato.
Para o STCC, "qualquer outra decisão irá contribuir para o surgimento de novos focos da pandemia e, por essa via, para o retrocesso no duro caminho de combate ao vírus que tem sido travado", lê-se no comunicado assinado pela direção nacional.
O sindicato frisa que a maioria dos trabalhadores quer manter-se, para já, em teletrabalho, até porque os edifícios que acolhem os 'call center' congregam "centenas ou milhares de trabalhadores em espaços ínfimos", sem "circulação de ar" na maioria dos casos, e têm "escassos espaços comuns", como refeitórios, casas de banho e elevadores, sendo assim "potenciais focos de contágio"
O STCC considera igualmente que o cumprimento das "regras mínimas de prevenção face à pandemia" é "quase impossível", já que o uso de máscara, por exemplo, torna "altamente complicada a conversação telefónica durante oito horas diárias".
Esse tipo de situações pode obrigar os trabalhadores a um "desgaste vocal acrescido", tornando "insuportável uma profissão já de si desgastante", ou levar as "entidades patronais a pressionarem os trabalhadores para que não cumpram" as regras, lê-se ainda na nota.
A organização lembra que as entidades patronais do setor, responsável por empregar cerca de 100.000 pessoas em Portugal, costumam "descumprir a lei", assinalando que a "obrigatoriedade do teletrabalho" não tem sido cumprida em muitos 'call center', com "total conivência das autoridades".
O STCC salienta, aliás, que esse desrespeito pelas regras originou "diversos focos" do novo coronavírus, responsáveis pela contaminação de "dezenas de trabalhadores", não só em Portugal, mas também em Espanha, Itália, Japão e Coreia do Sul.
O Sindicato dos Trabalhadores de 'Call Center' acrescenta que as empresas, face aos "lucros gigantescos durante anos a fio", devem acarretar com "eventuais custos adicionais da manutenção do teletrabalho", apesar de não defender o prolongamento desse regime quando a pandemia estiver controlada.
"Salientamos ainda que, pelos mais diversos motivos, o STCC nem é favorável à normalização do teletrabalho que, a nosso ver, fragiliza os trabalhadores e empurra para os mesmos responsabilidades e custos que deveriam ser assumidos pelas entidades patronais", lê-se no comunicado.
Portugal contabiliza 1.330 mortos associados à covid-19 em 30.788 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde sobre a pandemia divulgado hoje.
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