O Conselho de Administração da TAP anunciou, esta quarta-feira, vai "adicionar e ajustar os planos de rota anunciados", no início da semana, de forma a "ter um serviço ainda melhor e mais próximo" a partir "de todos os aeroportos nacionais" onde a companhia opera.
Após três dias a ser alvo de críticas tecidas desde o Governo até à Presidência da República, em comunicado, a companhia aérea portuguesa - cujo Estado é detentor de 50% do capital - afirmou que vai rever os planos de rotas em colaboração "com todos os agentes económicos, nomeadamente, associações empresariais e entidades regionais de turismo".
"Considerando o período difícil que Portugal atravessa, [o plano revisto] ficará, naturalmente, subordinado aos constrangimentos legais que existam quanto à mobilidade das pessoas e ao transporte aéreo", ressalvou, contudo, a administração, acrescentando ainda, na referida nota, que o objetivo da TAP "é continuar a voar" e "servir os seus clientes", assegurando "a sua sustentabilidade futura" e continuando "a projetar Portugal no Mundo".
TAP anuncia decisão horas após críticas de Costa
Este anúncio segue-se às declarações do primeiro-ministro, António Costa, que afirmou hoje que a Comissão Executiva da TAP tem o dever legal de "gestão prudente" e "não tem credibilidade" um plano de rotas sem prévia informação sobre a estratégia de reabertura de fronteiras de Portugal.
António Costa começou por frisar que "a gestão das fronteiras é responsabilidade soberana do Estado português" e que a presente pandemia de Covid-19 "exigiu e exige por tempo ainda indeterminado a imposição de restrições na circulação nas fronteiras terrestre, marítima e aérea".
"Não tem credibilidade qualquer plano de rotas definido pela TAP sem a prévia informação sobre a estratégia de reabertura de fronteiras definida pela República Portuguesa", acentuou o primeiro-ministro. António Costa disse mesmo ver-se "obrigado a recordar à Comissão Executiva da TAP os deveres legais de gestão prudente e responsável da companhia".
Esse conjunto de deveres legais de gestão prudente e responsável na gestão da transportadora aérea nacional, de acordo com o primeiro-ministro, "não é compatível com a definição, divulgação e promoção de planos de rotas cuja viabilidade depende da vontade soberana da República Portuguesa na gestão das suas fronteiras".
A TAP publicou, no dia 25 de maio, o seu plano de voo para os próximos dois meses que implica 27 ligações em junho e 247 em julho, sendo a maioria de Lisboa, de acordo com dados divulgados pela companhia aérea.
Este anúncio motivou várias críticas, sobretudo de autarcas do Norte, mas também de deputados e das autoridades de turismo um pouco por todo o país. "O objetivo da TAP é continuar a voar para retomar a sua operação e a servir os seus clientes sempre com o objetivo de assegurar a sua sustentabilidade futura e continuar a projetar Portugal no mundo", rematou o Conselho de Administração, no comunicado de hoje.
Em conferência de imprensa, Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto acusou, ontem, a TAP de "impor um confinamento ao Porto e Norte", acrescentando que com este plano de rotas a companhia aérea "abandona o país, porque estar só em Lisboa representa abandonar o país".
Ao final da tarde, de terça-feira, o Presidente da República acabou por reagir à polémica revelando que tem acompanhado "a preocupação manifestada por vários partidos políticos e autarcas relativamente ao plano de retoma de rotas da TAP, em particular no que respeita ao Porto".