"Os números não serão tão brutais como seriam se não houvesse uma bazuca"

À margem de uma visita ao restaurante Algaz na Chamusca, em Santarém, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa falou sobre o impacto económico da Covid-19 na vida dos portugueses, e da importância da ajuda de Bruxelas.

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Andrea Pinto com Lusa
04/06/2020 14:54 ‧ 04/06/2020 por Andrea Pinto com Lusa

Economia

Presidente Marcelo

O Presidente da República está esta quinta-feira no distrito de Santarém, onde inaugurou o restaurante Algaz, promovido pelo Centro de Bem Estar Social da Carregueira, no concelho da Chamusca. Em declarações aos jornalistas, o chefe de Estado fez uma análise à atual situação económica em Portugal e uma previsão do que está para vir.

À semelhança do que já havia afirmado, Marcelo Rebelo de Sousa recordou que "a situação em Portugal é grave, naquilo que nos interessa mais diretamente".

Numa altura em que o Conselho de Finanças Públicas se prepara para atualizar o cenário macroeconómico para 2020-2022, o chefe de Estado afirmou que "se não houver nada entretanto que atenue as previsões são duras e cruas".

"Haverá do lado europeu alguma coisa que faça com que a situação seja menos grave para aquilo que aponta o conselho? Acho que sim", disse, referindo-se a um "fundo de recuperação" que o Conselho Europeu deverá a"aprovar em junho/julho".

Um fundo que a "somar-se a outros fundos pode dar a cada país um conjunto de verbas muito significativas para os próximos anos", salientou, lembrando que também o Banco Central Europeu (BCE) disse "injetar mais liquidez nos mercados financeiros comprando dívida pública e, assim, reduzindo os juros da dívida pública".

"A somatória destas duas realidades pode permitir que os números finais não sejam tão brutais como seriam se não houvesse uma bazuca", atirou o Presidente Marcelo, remetendo depois elogios à chanceler Angela Merkel, por ser a responsável por esta atitude de entreajuda europeia.

"Esta é uma mudança de política que arranca de um apoio fundamental da chanceler Merkel, que com a experiência da crise vivida há anos quer utilizar o que houve de bom, mas com uma  preocupação económica e social acrescida e com um esforço conjunto europeu ainda maior do que aquele que foi vivido ha anos", disse.

Presidente diz nada ter a apontar ao Governo nesta fase

O Governo liderado pelo socialista António Costa está, "como os outros", a fazer "um exercício muito difícil", defende o chefe de Estado.

"Isto é difícil porque é completamente diferente saber o dinheiro com que se conta e não se saber. Tem-se uma ideia da dimensão, mas pode ser mais ou menos. Portanto o Orçamento Suplementar vai ser apresentado e discutido muito possivelmente antes da decisão europeia. O plano de estabilização hoje aprovado em Conselho de Ministros avança antes do conhecimento da última decisão europeia", realçou.

O Presidente Marcelo reconheceu, aliás, que o Governo "não pode esperar muito mais", sob o risco de não responder a situações urgentes, "porque as pessoas no dia-a-dia estão a ter problemas de emprego e a ter problemas de salário, e os empresários estão a ter problemas de arranque das suas empresas".

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