"Isto é indesmentível: a entrada de David Neeleman para a TAP foi importante para a TAP e, portanto, não queria aqui ser injusto mesmo que tenha havido divergências, não quero ser injusto com um acionista que nós tivemos, que percebe bastante do setor, que teve sucesso em vários pontos do globo e que deu um contributo muito importante à TAP e isso, nem no dia de hoje, pode ser esquecido", afirmou o ministro Pedro Nuno Santos, numa conferência de imprensa, em Lisboa.
O Governo anunciou, na mesma ocasião, que chegou a acordo com os acionistas privados da TAP, passando a deter 72,5% do capital da companhia aérea, por 55 milhões de euros.
A Atlantic Gateway passa a ser controlada por apenas um dos acionistas que compunha o consórcio, o português Humberto Pedrosa, dono do grupo Barraqueiro.
O dono da companhia aérea Azul, David Neeleman, sai assim da estrutura acionista da TAP.
"Portugal hoje tem uma ligação aos Estados Unidos - a TAP tem uma ligação aos Estados Unidos -- muito relevante e ela é simultânea com a entrada de David Neeleman na TAP", acrescentou o ministro.
O governante reconheceu que, apesar dos prejuízos apresentados nos últimos dois anos, a TAP renovou a sua frota, viajou para mais destinos e transportou mais passageiros.
"Depois nós podemos fazer um conjunto diferente de análises, eu faço as minhas, outras pessoas fazem outras. Nesta fase, fica aquilo que de verdadeiramente se conseguiu de mais importante nos últimos anos", considerou Pedro Nuno Santos, referindo-se à análise da gestão privada da TAP.
Na segunda-feira David Neeleman garantiu o "empenho dos privados" no futuro da companhia, agradecendo "muito" o empréstimo de emergência do Estado português e afirmando aceitar a entrada imediata deste na Comissão Executiva da empresa.
"Apesar de não ter sido essa a nossa proposta, agradecemos muito o apoio do Estado português através de um empréstimo de emergência à TAP e aceitamos obviamente as medidas de controlo da utilização desse empréstimo", afirmou Neeleman numa declaração escrita enviada à agência Lusa.
Após "meses de silêncio", o empresário justificou esta tomada de posição com a necessidade de "rejeitar as declarações sobre o empenho dos privados no futuro da TAP", garantindo que estes estão "disponíveis para aceitar a participação do Estado na Comissão Executiva imediatamente e mesmo antes de uma eventual capitalização do empréstimo".
A Comissão Europeia aprovou em 10 de junho um "auxílio de emergência português" à companhia aérea TAP, um apoio estatal de até 1.200 milhões de euros para responder às "necessidades imediatas de liquidez" com condições predeterminadas para o seu reembolso.
Uma vez que a TAP já estava numa débil situação financeira antes da pandemia de covid-19, a empresa "não é elegível" para receber uma ajuda estatal ao abrigo das regras mais flexíveis de Bruxelas devido ao surto, que são destinadas a "empresas que de outra forma seriam viáveis".
O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, anunciou também que o presidente executivo da TAP, Antonoaldo Neves, vai ser substituído "de imediato", sem revelar quem lhe sucede.