Acordo TAP. "Alguém acredita que este dinheiro vai ser suficiente?"
Marques Mendes destacou que o acordo alcançado pelo Governo foi a solução "menos má" para TAP. Apesar de deixar vários elogios à forma como elementos do Executivo levaram a cabo a negociação, o comentador mostrou-se preocupado com a rentabilidade da companhia aérea no futuro.
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Política Marques Mendes
No seu habitual espaço de comentário, Luís Marques Mendes considerou que a solução encontrada pelo Governo para a TAP foi "a menos má", tal como tinha previsto na semana passada.
Começando por sublinhar que uma nacionalização tinha sido "um desastre", pois traria "danos reputacionais, judiciais e perda de poupanças dos trabalhadores accionistas", o antigo dirigente social-democrata apontou que "havia ainda uma decisão péssima" que era "não haver acordo nenhum, não haver nacionalização e a empresa ia à falência".
Considerando que, ainda assim, o Executivo encontrou o 'melhor mundo possível', Marques Mendes manifestou-se preocupado com "acordo caro" para os portugueses. "Não havia nenhuma boa decisão", insistiu, atirando que, em 2015, o acionista David Neeleman pagou cinco milhões para entrar e agora para sair recebe 55 milhões".
Contudo, o comentador deixou, antes, vários elogios aos membros do Governo envolvidos na negociação. Denotando, primeiramente, que o primeiro-ministro, António Costa, "esteve bem", para Marques Mendes, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, foi o grande protagonista.
“Sai bem porque conseguiu dois objetivos: Queria reforçar o papel do Estado e ‘correr’ com o acionista David Neeleman”, sustentou, não deixando de referir também que o governante foi “injustiçado” pela apresentação das dificuldades da companhia a Bruxelas.
Humberto Pedrosa, presidente da Barraqueiro e acionista privado da TAP, também foi reconhecido pelo comentador, que defendeu que o responsável também se "saiu bem" porque "ganhou estatuto, respeito e credibilidade junto do Governo." "A opção fácil era sair e meter uns milhões ao bolso. Ele fez o mais difícil: ficar. E ajudou o Estado e o Governo", argumentou.
No entanto, recordando que o Estado injetou, agora, 1,2 mil milhões de euros na companhia aérea, Marques Mendes conjecturou que o pior ainda está para vir: "Mas, alguém acredita que este dinheiro vai ser suficiente? Vamos ter mais injeções no futuro".
Para além de o possível capital que terá de entrar na TAP, o comentador perguntou ainda se “vai haver coragem” para uma “reestruturação como deve ser”, que se traduz em "cortar rotas, despedir pessoas, reduzir aviões".
Mais, Marques Mendes mostrou-se reticente sobre a capacidade da TAP se tornar rentável, quando durante o 'boom' turístico dos últimos anos "não conseguiu dar lucros". "Como é que [a TAP] vai conseguir ser rentável no futuro, em piores condições?", questionou, defendendo que é necessária a entrada de um "parceiro privado" na companhia aérea, que "perceba de aviação".
De qualquer forma, Marques Mendes defendeu que tem de ser realizada uma auditoria financeira à TAP em nome da transparência, passando pela privatização de 2015, pela reversão de 2016 e ainda pela gestão dos últimos anos. “Os portugueses vão meter muito dinheiro na TAP. Têm ao menos o direito de saber tudo o que lá se passa”, concluiu.
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