"A Moody's prevê que o défice geral do Governo chegará aos 9,2% do PIB em 2020 antes de reduzir para os 4,8% em 2021, com a atividade económica a retomar e os efeitos das medidas orçamentais mais pontuais a se afastarem", aponta a agência de notação.
"Apesar da atividade económica estar a recuperar algum impulso no segundo semestre do ano, a Moody's espera que o PIB [Produto Interno Bruto] real de Portugal contraia 9,5% em 2020, entre os mais severos da zona do euro", refere.
A estimativa da Moody's surge depois de a agência ter decidido no dia 17 de julho não se pronunciar sobre Portugal, mantendo o 'rating' em Baa3, acima do 'lixo' com perspetiva "positiva".
No relatório, a Moody's diz que o perfil do 'rating' de Portugal reflete "riqueza relativa, economia diversificada e reformas estruturais", no entanto, a crise provocada pela pandemia de covid-19 levará a uma "deterioração significativa" das finanças públicas de Portugal, tornando a consolidação orçamental futura "mais complexa".
"O principal desafio para o 'rating' de Portugal é o muito elevado peso da dívida, que limita a capacidade de o país absorver futuros choques", segundo a vice-presidente sénior da Moody's e autora do relatório, Sarah Carlson.
"A capacidade do Governo de gerir as crescentes pressões na despesa pública relacionadas com o surto de coronavírus e a capacidade de reduzir dívida vão continuar a ser um fator chave", disse.
A empresa norte-americana tinha programada para dia 17 de julho uma pronúncia acerca do 'rating' de Portugal, mas de acordo com o seu 'site', Portugal está assinalado como um dos "'ratings' que não foram atualizados", mantendo-se assim o 'rating' de Baa3 e perspetiva positiva, atualizada pela última vez em agosto de 2019, não tendo a Moody's se pronunciado depois do início da pandemia de covid-19.
O 'rating' é uma classificação atribuída pelas agências de notação financeira que avalia o risco de crédito (capacidade de pagar a dívida) de um emissor, que pode ser um país ou uma empresa.
Cada agência de 'rating' tem a sua própria escala de avaliação, mas em todas a melhor classificação é o triplo A (AAA) e as letras C ou D indicam avaliações em que o investimento é considerado de risco ou especulativo (vulgarmente designado 'lixo').
Na letra B há categorias que podem ser classificadas como de investimento, caso se aproximem do nível A, ou de risco ou especulativo, caso se aproximem do C.